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‘Ozempic brasileiro’: farmacêutica lança caneta contra obesidade com preços a partir de R$ 307
Termômetro da Política
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A partir desta segunda-feira (4), as farmácias brasileiras começam a vender a primeira caneta injetável contra obesidade fabricada no Brasil. Denominado Olire, o medicamento, que utiliza a liraglutida como princípio ativo, foi desenvolvido pela EMS, uma farmacêutica nacional. Além do Olire, voltado para o tratamento da obesidade, a empresa também lançou a caneta Lirux, destinada ao controle do diabetes tipo 2.

Olire utiliza a liraglutida como princípio ativo e foi desenvolvido pela EMS (Foto: Divulgação/EMS)

De acordo com a EMS, ambos os produtos serão comercializados com preços a partir de R$ 307,26. Esses medicamentos representam os primeiros análogos de GLP-1 desenvolvidos e produzidos no Brasil para atender à população do país, por isso vêm sendo chamados de “Ozempic brasileiro”, em referência ao medicamento famoso, mas que na verdade tem outra substância como princípio ativo (leia mais adiante).

A farmacêutica esclareceu que o produto não é considerado um medicamento genérico. “Diferentemente de um genérico, a liraglutida da EMS foi aprovada pela Anvisa como um novo medicamento de ingrediente ativo já registrado no Brasil, pois é fruto de uma inovação tecnológica exclusiva no país”, informou a EMS em comunicado.

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A aprovação pela Anvisa ocorreu no final de dezembro, tornando a EMS a primeira empresa 100% brasileira a entrar no mercado global de análogos de GLP-1.

A EMS planeja produzir 200 mil canetas dos dois medicamentos ainda em 2025, com a expectativa de disponibilizar mais de 500 mil unidades no Brasil em um período de 12 meses.

A empresa também anunciou que prepara o lançamento de canetas com semaglutida para 2026, quando a patente desse medicamento expirará no Brasil.

Olire e Lirux

Conforme a fabricante, o Olire atua na regulação do apetite e na melhoria de marcadores de risco cardiovascular, sendo indicado para o tratamento da obesidade.

O Lirux é voltado para o controle do diabetes tipo 2. Ambos são marcas de liraglutida desenvolvidas pela EMS.

Os medicamentos Olire e Lirux devem ser administrados diariamente, em qualquer horário, independentemente das refeições, por via subcutânea no abdômen, coxa ou parte superior do braço.

A EMS destacou em nota que as canetas serão vendidas com preços de tabela entre 10% e 20% mais baixos que as marcas de referência no mercado, “garantindo maior disponibilidade para os milhões de pacientes que necessitam dessas terapias”.

Semaglutida e liraglutida

A liraglutida e a semaglutida são as principais substâncias usadas em canetas injetáveis para tratar diabetes tipo 2 e obesidade.

Esses medicamentos ajudam a reduzir o apetite e promovem saciedade, mas devem ser utilizados dentro de um plano de tratamento acompanhado por um médico.

Estudos indicam que a liraglutida pode levar a uma perda de peso de 6% em 12 semanas. Diferentemente da semaglutida, que é administrada semanalmente, a liraglutida requer uso diário.

Entre os medicamentos à base de liraglutida estão o Victoza e o Saxenda, enquanto o Ozempic e o Wegovy utilizam a semaglutida como princípio ativo.

Novo Nordisk alerta para risco de induzir paciente a erro

Em contato com a reportagem, a Novo Nordisk, farmacêutica responsável pelos medicamentos Ozempic e Wegovy, alerta para os riscos de confusão com os novos medicamentos lançados pela EMS, visto que, como explicado na matéria, utilizam princípios ativos distintos. A preocupação da empresa se dá pelo ‘apelido’ adotado por usuários, “Ozempic brasileiro”, apesar de serem medicamentos completamente diferentes. “Tal equiparação indevida pode levar pacientes e profissionais de saúde a conclusões equivocadas, com potenciais riscos à segurança e à eficácia do tratamento”, diz trecho da nota. Confira na íntegra:

A Novo Nordisk, empresa mundial líder em saúde, esclarece que qualquer comparação entre os medicamentos recentemente anunciados pela EMS – Olire e Lirux – e os tratamentos da Novo Nordisk, como Ozempic® e Wegovy®, é tecnicamente incorreta e pode induzir ao erro.

Trata-se de moléculas distintas: liraglutida sintética (presente nos produtos da EMS) e semaglutida biológica (princípio ativo de Ozempic®, Rybelsus® e Wegovy®), com perfis farmacológicos, estudos clínicos e resultados terapêuticos diferentes.

Tal equiparação indevida pode levar pacientes e profissionais de saúde a conclusões equivocadas, com potenciais riscos à segurança e à eficácia do tratamento.

A Novo Nordisk é a única detentora de patentes e de medicamentos a base de semaglutida aprovados pela ANVISA (agência sanitária brasileira). No Brasil, a patente principal da semaglutida é válida até pelo menos março de 2026, com possibilidade de ampliação do prazo de proteção em razão de outras patentes secundárias. A empresa alerta para o uso indevido de suas marcas registradas — Ozempic®, Wegovy® e Rybelsus® — em associação a produtos de terceiros, o que configura violação de propriedade industrial e pode induzir pacientes ao erro.

Além disso, não há documentação pública que comprove que os produtos da EMS tenham maior potência, pureza aos medicamentos da Novo Nordisk. Segundo parecer da ANVISA, foram identificadas nove impurezas nos produtos da EMS que não estão presentes nos medicamentos usados como referência da Novo Nordisk.

Cabe esclarecer, ainda, que a categoria regulatória dos produtos da EMS não é de medicamento “genérico” e tampouco de “biossimilar”, portanto, não há garantia de intercambialidade com os medicamentos inovadores originais da Novo Nordisk.

A empresa também questiona a alegação de que os produtos da EMS são “100% nacionais”, uma vez que não há clareza se as canetas utilizadas pela EMS são importadas.

A Novo Nordisk valoriza o surgimento de novas opções terapêuticas no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade e reconhece o papel da inovação no avanço da saúde. No entanto, reforça que a informação correta e responsável é parte essencial do cuidado com o paciente – especialmente no manejo de doenças crônicas. A comunicação clara, baseada em evidências científicas e alinhada às aprovações regulatórias, é fundamental para garantir decisões clínicas seguras e conscientes, protegendo a saúde e o bem-estar da população.


Com informações do portal g1.

Matéria alterada às 22h04 do dia 5.8.2025 para acréscimo da nota enviada pela Novo Nordisk.

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