O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de 70 anos, foi submetido a uma bateria de exames no Hospital DF Star, em Brasília, neste sábado (16), que revelou um quadro de infecções pulmonares, esofagite e gastrite. Segundo o boletim médico divulgado pela instituição, os exames apontaram “imagem residual de duas infecções pulmonares recentes possivelmente relacionadas a episódios de broncoaspiração”. A endoscopia realizada mostrou “persistência da esofagite e da gastrite, agora menos intensa, porém com a necessidade de tratamento medicamentoso contínuo”.
Bolsonaro, que está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, deixou temporariamente sua residência pela manhã, com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, para realizar coleta de sangue e urina, endoscopia e tomografia abdominal. Ele retornou após os procedimentos, às 13h58, sem falar com a imprensa. De acordo com seus advogados, o ex-presidente tem apresentado sintomas como refluxo e soluços.
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O médico cardiologista Leandro Echenique, responsável pelo acompanhamento de Bolsonaro, informou que “o tratamento agora é exclusivamente medicamentoso, não precisa de nada de cirurgia”. Ele destacou que o ex-presidente “recebeu as orientações nutricionais e de exercícios para manter massa muscular”. Já o médico Cláudio Birolini, chefe da equipe que realizou uma cirurgia em Bolsonaro em abril, afirmou que os exames também avaliaram os resultados desse procedimento. “Aparentemente está tudo em ordem, o trânsito intestinal está preservado, as hérnias estão resolvidas, mas ele persiste com esse quadro de esofagite e algum grau de refluxo. Esse refluxo, provavelmente, como causa dessas pneumonias de repetição que ele tem tido”, explicou Birolini. Ele ainda recomendou que Bolsonaro intensifique exercícios físicos, como musculação, já que “o fato de ele estar em casa agora prejudica um pouco a atividade física”.
O boletim médico reforça a necessidade de tratamento contínuo para hipertensão arterial, refluxo gastroesofágico e medidas preventivas contra broncoaspiração. “A previsão é de que nós sigamos acompanhando o quadro clínico. Não estão previstas novas intervenções, mas eventualmente outros exames podem ser necessários nas semanas subsequentes”, informou a equipe médica.
A prisão domiciliar de Bolsonaro foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por suspeitas de que o ex-presidente, junto com seu filho Eduardo Bolsonaro, tentou interferir no processo em que é réu por golpe de Estado. Eduardo, atualmente licenciado do mandato de deputado federal, está nos Estados Unidos, onde afirma atuar para que o governo de Donald Trump imponha sanções a autoridades brasileiras. Moraes exigiu a apresentação de um atestado de comparecimento ao hospital para autorizar a saída de Bolsonaro para os exames.
Bolsonaro enfrenta acusações graves da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o considera o “principal articulador, maior beneficiário e autor” de ações voltadas à ruptura do Estado Democrático de Direito após sua derrota para Lula (PT) nas eleições de 2022. O presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, marcou para 2 de setembro a primeira sessão de julgamento da ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado. Os crimes imputados a Bolsonaro incluem organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. As penas máximas para esses crimes podem chegar a 43 anos de prisão, a serem definidas pelos ministros do STF.
“O ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro foi admitido no Hospital DF Star hoje, às 9:00hs, para investigação de quadro recente de febre, tosse, persistência de episódios de refluxo gastroesofágico e soluços. Realizou exames laboratoriais e de imagem sob supervisão da equipe médica. Os exames evidenciaram imagem residual de duas infecções pulmonares recentes possivelmente relacionadas a episódios de broncoaspiração. A endoscopia mostrou persistência da esofagite e da gastrite, agora menos intensa, porém com a necessidade de tratamento medicamentoso contínuo. Deverá seguir com o tratamento da hipertensão arterial, do quadro de refluxo e medidas preventivas de broncoaspiração, sendo liberado às 13h58”.
Com informações do portal g1.