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Mino Carta, ícone do Jornalismo brasileiro, morre aos 91 anos em São Paulo
Termômetro da Política
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O jornalista Mino Carta, uma das maiores referências do jornalismo brasileiro, faleceu nesta terça-feira (2) aos 91 anos no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas últimas duas semanas. Segundo a revista Carta Capital, fundada por ele em 1994, Mino “lutava contra os problemas de saúde, em idas-e-vindas do hospital”.

Com o nome de batismo Demetrio Giuliano Gianni Carta, Mino chegou ao Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial
Com o nome de batismo Demetrio Giuliano Gianni Carta, Mino chegou ao Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial (Foto: Divulgação/Carta Capital)

Nascido em Gênova, Itália, com o nome de batismo Demetrio Giuliano Gianni Carta, ele chegou ao Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial. Sua trajetória no jornalismo começou cedo: aos 17 anos, foi correspondente esportivo do jornal italiano Il Messaggero durante a Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil. Posteriormente, trabalhou como contínuo e articulista da revista paulista Anhembi e como redator da agência de notícias italiana Ansa. Em 1959, a convite de Victor Civita, fundador da Editora Abril, Carta assumiu a criação da revista Quatro Rodas, dedicada ao automobilismo e turismo. Apesar de admitir que “não sabia dirigir e nada sabia de automóveis”, ele transformou a publicação em um sucesso, elevando a tiragem de 30 mil para 70 mil exemplares mensais em apenas seis meses.

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A habilidade de Mino Carta para liderar projetos editoriais o levou a outros marcos na imprensa brasileira. Em 1966, ele esteve à frente da fundação do Jornal da Tarde, a partir do caderno dominical Edição de Esportes, que produziu para o Estadão. Em 1968, tornou-se o primeiro diretor de redação da revista VEJA, lançada pela Editora Abril, cargo que ocupou até 1976. Durante esse período, destacou-se por sua inteligência, rigor e coragem no combate aos desmandos da ditadura militar, criando um estilo de comando que influenciou gerações de jornalistas. Em 1976, fundou a revista IstoÉ, e, em 1994, lançou a Carta Capital, consolidando sua marca no jornalismo crítico e independente.

Conhecido por sua personalidade marcante, Mino Carta era descrito por Carlos Maranhão, no livro Roberto Civita – O Dono da Banca, como “um homem de estatura pequena, algo que o incomodava. Elegante, irônico, mordaz, de gênio explosivo, tinha grande cultura e texto tão inconfundível como o corte de seus paletós de tweed com reforço de couro nos cotovelos. Adorava a culinária e os vinhos italianos, para ele indiscutivelmente superior aos franceses. Conhecedor de história da arte, pintava quadros figurativos. Em 1957, realizara em Milão sua primeira exposição individual. Além de jornalista de reconhecida competência, considerava-se um bom designer de revistas.”

Antes da era da internet, Mino Carta deixou um legado incontestável na imprensa brasileira, com mais de seis décadas de contribuições em publicações que moldaram o jornalismo nacional. Sua morte marca o fim de uma era, mas sua influência permanece viva nos veículos que ajudou a criar e nos profissionais que inspirou.

Com informações do portal Veja.

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