Na noite dessa sexta-feira (5), o programa “Antes que Aconteça” foi apresentado durante o “Encontro de Mulheres do Agro”, promovido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap-PB), na Creche Portal, em Esperança, como parte da programação da 4ª Exposição Berro do Bode. A palestra, conduzida pela coordenadora estadual do programa e segunda-dama do estado, Camila Mariz Ribeiro, contou com a presença do vice-governador Lucas Ribeiro (PP), do prefeito de Esperança, Thiago Morais, e de outras autoridades.
Camila Mariz detalhou a criação do programa, iniciativa da senadora Daniella Ribeiro. “O Antes que Aconteça é um programa preventivo e protetivo. Ele busca evitar o feminicídio e também visa o acolhimento das mulheres vítimas de violência”, frisou. Ela destacou que, segundo o IBGE, 73% das violências contra mulheres ocorrem dentro de casa, abrangendo não só a violência física, mas também formas psicológica e patrimonial. “Eu sei o que é a violência doméstica. O agressor coloca a mulher numa situação de medo constante”, relatou, enfatizando a importância de denunciar. “O silêncio mata as mulheres. Silenciar diante da violência contra uma mulher é a gente falhar como ser humano”, afirmou, apontando que, na maioria dos casos, o agressor está no núcleo familiar, como marido, companheiro ou irmão.
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A coordenadora destacou ações do programa na Paraíba, como as duas Casas Lilás em João Pessoa e Campina Grande, que já atenderam mais de 300 mulheres na capital em cinco meses, com assistência de psicólogos e assistentes sociais. Mais 50 unidades estão previstas. Ela também mencionou a Patrulha Maria da Penha, que não registrou feminicídios entre as mulheres assistidas, e a importância da educação dos filhos para prevenir a violência. “A responsabilidade começa dentro de casa”, disse, lembrando que, a cada seis horas, uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil.
Márcia Dornelles, assessora da Sedap-PB e idealizadora do “Encontro de Mulheres do Agro”, abriu a palestra abordando a violência contra a mulher. “A violência nunca será culpa da mulher. A violência é culpa de quem a pratica. A violência psicológica, por exemplo, acompanha a mulher pelo resto da vida”, alertou, enfatizando que é “preciso desnaturalizar a violência contra a mulher” e evitar sua normalização.
A primeira-dama de Esperança, Angélica Almeida, destacou a relevância do evento. “É de suma importância um momento como este onde várias mulheres expõem suas vivências, experiências, para que, a partir daí, se possa discutir e implementar novas políticas públicas voltadas às mulheres”, afirmou, reforçando que a troca de experiências fortalece a luta feminina. “Eu acho super importante, não só no Berro do Bode, mas em outros momentos, que a partir de iniciativas como esta mostrar a sociedade o poder da mulher. A mulher tem um papel importante, fundamental no desenvolvimento da sociedade”, frisou.
No mesmo evento, a professora e produtora rural Daiane Monteiro compartilhou sua experiência na ovinocaprinocultura. “É preciso fortalecer o movimento das mulheres e o empreendedorismo rural feminino”, disse, destacando que “se a gente quiser, se olhar ao nosso redor, a gente consegue produzir”. Ela defendeu mais políticas públicas para incentivar mulheres no campo, afirmando: “É possível sim mulheres criando seus animais, gerando renda com a venda do leite, do queijo, do iogurte”. Sobre a exposição, Monteiro celebrou: “Eu fico feliz de ver a retomada do evento, após 20 anos sem acontecer, marcando os 100 anos de fundação de Esperança”.
A 4ª Exposição Berro do Bode, que termina neste sábado (6), conta com 320 animais de 31 expositores da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, além de torneios leiteiros, palestras, minicursos, competições e apresentações culturais. “São ambientes de negócio, de melhoramento genético, verdadeiras vitrines para o produtor rural. São ambientes, também, que contribuem para o desenvolvimento de outros setores como o turismo e o comércio”, afirmou o secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo. O criador Felipe Rocha Souza destacou a troca de experiências e o melhoramento genético proporcionados pelo evento. “A gente consegue trocar experiências, aprender sobre a genética animal, melhorar a criação”, disse.
O professor Bruno Almeida, que visitou a exposição com a família, elogiou a iniciativa. “É um momento de lazer com a família. O que as crianças gostam mais aqui certamente são os animais. É uma oportunidade para se conhecer o ambiente rural, que a pessoa da cidade não tem muito contato, é muito enriquecedor”, completou. Neste sábado, a programação inclui competições como tomar um litro de leite ou iogurte, comer um quilo de queijo e a melhor imitação do berro do bode, além da premiação do torneio leiteiro e do concurso de pista. A exposição tem apoio do Governo Federal, Apacco, Faepa, Sebrae-PB e Senar-PB.
Fonte: Secom-PB