O painel “O Protagonismo das Mulheres”, parte do projeto “Encontro de Mulheres do Agro” da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap-PB), debateu empreendedorismo feminino, combate à violência contra a mulher e histórias de luta e conquistas no meio rural. Realizado no sábado (6), durante a 4ª Expoagro Mari, o evento contou com a presença do vice-governador Lucas Ribeiro (PP), dos secretários Wilson Filho (Republicanos – Educação) e Tibério Limeira (PSB – Administração), além de palestrantes que compartilharam experiências de superação.
O vice-governador destacou a relevância de iniciativas como essa. “Eu gostaria de parabenizar projetos como este onde as mulheres têm voz. E é importante que os homens estejam aqui para participar, ouvir e reconhecer a importância do papel das mulheres, não só no agro, mas em todas as áreas”, frisou. O secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo Vieira, explicou que o projeto “Mulheres do Agro Antes da Porteira” complementa o encontro, com o objetivo de “debater temas de interesses das mulheres e de toda a sociedade e, também, apresentar experiências de forma que mostrem a força do trabalho feminino, valorizando o papel da mulher no campo”.
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Márcia Dornelles, assessora de Gestão Social da Sedap-PB e idealizadora do “Encontro de Mulheres do Agro”, destacou a invisibilidade histórica das mulheres no setor. “Somente na Constituição de 1988 é que as mulheres foram reconhecidas como cidadãs iguais aos homens”, afirmou, defendendo a ocupação de espaços políticos e o acolhimento às vítimas de violência. A empreendedora rural Maria das Graças, conhecida como Gracinha, incentivou a luta pelos direitos. “Lute, não deixe que alguém diga o que você pode ou deve fazer”, afirmou, destacando a importância do apoio mútuo entre mulheres.
A professora Andréia dos Santos, especialista em agroecologia, compartilhou sua experiência em um campo tradicionalmente machista. “As portas vão estar sempre fechadas. Vamos precisar arrombar e segurar a porta para que mais mulheres possam passar”, enfatizou. A advogada Liliane Fell, autora de “Mulheres D’Onde o Sol Nasce Mais Cedo”, falou sobre as histórias de 16 mulheres paraibanas. “Todas essas mulheres me inspiram. E escrever sobre a vida dessas mulheres é escrever sobre a liberdade”, pontuou.
Maria Helena dos Santos, presidente da Cooperativa dos Floricultores de Pilões, relatou os desafios enfrentados na criação da entidade, que hoje completa 25 anos. “A gente tem que se fortalecer. Os homens achavam que a gente queria tomar o lugar deles. Quando começamos, as mulheres tinham medo”, contou, destacando o impacto positivo da cooperativa, que produz flores e flores comestíveis e planeja cultivar hortaliças orgânicas.
A produtora Vânia Alves, que fabrica tábuas de carne, compartilhou sua trajetória de superação. “Há um ano eu era uma pessoa e, hoje, sou outra completamente diferente”, afirmou, após buscar capacitação no Sebrae-PB e transformar seu negócio. Maria Júlia de Albuquerque, da cachaçaria Triunfo, em Areia, narrou como tornou a cachaça paraibana reconhecida nacionalmente e internacionalmente. “Tudo veio da nossa luta, do nosso grito”, salientou, destacando o sucesso do engenho como atração turística. “Eu não paro, não baixo a cabeça. A gente tem que arrombar a porta mesmo e dizer: abra que eu tô chegando!”, completou.
O projeto “Mulheres Antes da Porteira” destacou a artesã Maria Soares da Silva, conhecida como Comadre Guerreira, indígena potiguara da Baía da Traição. “O que mais me encanta em fazer as peças em artesanato é a força que sinto da ancestralidade é a energia da arte”, afirmou, enfatizando que o artesanato “é a arte que traz o pão para a mesa da família”. Como presidente da Associação das Mulheres Guerreiras Indígenas Potiguara, ela destacou: “Eu vejo na luta das outras mulheres a mesma luta nossa”. “É um espaço para que o trabalho da mulher na zona rural seja observado com o protagonismo que possui, seja reconhecido e valorizado. Que a presença da mulher, a sua rotina, a sua participação e o seu esforço sejam percebidos com o valor que merece”, explicou Márcia Dornelles.
A 4ª Expoagro Mari, que termina neste domingo (7), é realizada pela Prefeitura de Mari com apoio do Governo do Estado, Sedap-PB, Sebrae-PB, Governo Federal, Banco do Nordeste, UFPB, Faepa-PB e Senar-PB. O último dia inclui palestras, exposições, apresentações culturais e a premiação do Roteiro da Sociobiodiversidade da Mandiocultura.
Fonte: Secom-PB