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Após intoxicação por metanol em bebidas, associações emitem alertas urgentes em São Paulo
Termômetro da Política
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Uma noite de diversão entre amigos terminou em desespero para o estudante Diogo Marques, em São Paulo. Horas depois de consumir gin com energético, ele acordou sem enxergar nada. “Acordei, abri os olhos e estava tudo preto, com uma dor de cabeça muito forte”, contou em entrevista ao Fantástico.

Diogo sobreviveu, mas precisou ficar internado três dias depois que exames confirmaram a presença de metanol em seu sangue. “É assustador. Meu amigo está internado há um mês”, disse. O amigo a quem ele se refere é Rafael, internado em estado grave há 28 dias. Ele está em coma desde 1º de setembro, quando foi diagnosticada a ingestão de bebida adulterada. A mãe, Helena Martins, que é enfermeira, descreveu o quadro como irreversível. “Ele está respirando pelo ventilador, não tem fluxo sanguíneo cerebral. Segundo a medicina, é irreversível.”

Metanol é um álcool usado na indústria para solventes e produtos químicos que no corpo humano se transforma em substâncias tóxicas, podendo causar cegueira
Metanol é um álcool usado na indústria para solventes e produtos químicos que no corpo humano se transforma em substâncias tóxicas, podendo causar cegueira (Foto: Divulgação/CBO)

Segundo familiares, o grupo de amigos comprou as bebidas em uma adega conhecida. A polícia apreendeu garrafas de gin no local e as encaminhou para perícia. Ainda não há informações sobre a origem da contaminação.

Casos semelhantes vêm sendo registrados em diferentes cidades do estado. De acordo com a Vigilância Sanitária de São Paulo e o Centro de Investigação Toxicológica da Unicamp, ao menos 16 pessoas estão sob investigação, com seis confirmações de intoxicação por metanol e duas mortes. A morte de um terceiro homem também está sendo investigada.

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Nos últimos 25 dias, nove pessoas apresentaram intoxicação após o consumo de bebida alcoólica adulterada com metanol. Duas pessoas morreram. O metanol é um álcool usado na indústria para solventes e produtos químicos. No corpo humano, se transforma em substâncias tóxicas que atacam fígado, rins, cérebro e nervo óptico, podendo causar cegueira, convulsões e morte.

Alarmadas com os casos de intoxicação, no estado de São Paulo, por ingestão de metanol em bebidas adulteradas, a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) e a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO) publicaram notas com alertas sobre a situação.

A Abrade manifestou sua “profunda preocupação e solidariedade às vítimas e familiares” após a confirmação dos casos de intoxicação, que incluem duas mortes, por ingestão de metanol misturado a bebidas adulteradas.

“[A entidade] atua fortemente no combate ao mercado ilegal de bebidas, na orientação sobre o cumprimento das exigências técnicas e regulatórias do setor e na promoção do consumo responsável.”

Segundo a associação, que acompanha operações de combate à comercialização de produtos ilícitos, apenas em 2025, o volume de apreensões foi superior a 160 mil produtos falsificados, além de insumos e equipamentos.

“A Abrabe reitera o compromisso com a proteção do consumidor e com a defesa do mercado legal, seguro e responsável e seguirá contribuindo com os Governos Federal e Estadual para proteção da população”, diz a nota.

Cegueira

A Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia fez um alerta sobre os riscos de o consumo de metanol causar neuropatia óptica, “uma doença grave que pode causar perda de visão irreversível”, descreve a nota enviada à Agência Brasil.

Segundo a associação, entre 12 horas e 24 horas após o consumo, podem surgir sintomas de intoxicação como “dor de cabeça, náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental e, principalmente, visão turva repentina ou até cegueira.”

De acordo com a ABNO, o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.

O tratamento deve ser imediato e com uso de antídotos (como o etanol venoso), bicarbonato para corrigir a acidez no sangue, vitaminas (ácido fólico/folínico) e, nos casos mais graves, hemodiálise para remover o veneno.

Entenda

A situação crítica levou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP) a publicarem uma nota técnica com recomendações urgentes aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no estado de São Paulo.

Com informações de g1 e Agência Brasil.

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