Com seus olhos curiosos e jeito brincalhão, os saguis — pequenos macacos também conhecidos como mico, soim, socoió ou sairi — têm conquistado espaço nas ruas, praças e quintais das cidades paraibanas. Contudo, por trás de seu carisma, especialistas alertam: o convívio doméstico com esses animais silvestres pode representar perigos tanto para eles quanto para os humanos.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas-PB) e o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB), em continuidade à série de conscientização sobre fauna silvestre nas cidades, reforçam que os saguis devem ser respeitados em seu habitat natural. “Eles acabam encontrando alimento fácil nas cidades, mas também ficam vulneráveis. Precisamos lembrar que não são animais de estimação. Alimentar ou manter um sagui em casa é crime ambiental e prejudica tanto a saúde dele quanto a das pessoas”, alerta o gerente-executivo de Fauna Silvestre da Semas, Juan Mendonça.
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Apesar de sua aparência dócil, os saguis podem morder ou arranhar quando se sentem ameaçados, causando ferimentos que podem transmitir doenças graves, como a raiva, letal para humanos e outros animais. A veterinária Lilian Eloy, especialista em fauna silvestre, destaca os perigos de práticas comuns, como alimentar esses primatas. “Quando recebem comida de pessoas, eles voltam diariamente em busca de mais. Isso altera seu comportamento natural, facilita a reprodução descontrolada e aumenta os riscos de acidentes e doenças. O certo é nunca alimentar animais silvestres”, enfatiza.
Eloy também alerta para a transmissão de doenças como o herpesvírus, que pode ser inofensivo para humanos, manifestando-se apenas como herpes labial, mas é fatal para os saguis. “Nas pessoas, muitas vezes esse vírus não causa sintomas ou se manifesta apenas como um herpes labial. Mas para os saguis, ele é fatal e leva à morte rapidamente. O problema é que existe a prática perigosa de alimentar esses animais, até mesmo oferecendo comida da própria boca, o que facilita a transmissão pela saliva ou por restos contaminados. Esse contato direto é extremamente prejudicial e deve ser evitado”, avisa.
A urbanização tem aproximado os saguis das pessoas, mas essa proximidade os expõe a riscos como atropelamentos, choques em fiações elétricas e ataques de cães e gatos. Apesar de algumas espécies serem nativas do Nordeste, a presença em áreas urbanas gera desequilíbrios ambientais. “Saguis são altamente sociais e necessitam viver em grupos, em árvores, com espaço para se movimentar e explorar. Mantê-los em residências causa sofrimento e ainda representa riscos à segurança”, reforça Mendonça.
Os saguis desempenham um papel ecológico importante na dispersão de sementes, mas o contato excessivo em áreas urbanas pode trazer riscos à saúde pública. “Precisamos mudar a forma como enxergamos esses animais. Eles não são atrações nem brinquedos; pertencem à natureza e devem ser respeitados. Proteger os saguis é também proteger a saúde pública”, conclui Mendonça.
Se o animal estiver apenas circulando por árvores ou muros, a recomendação é não interferir. Em situações de risco — como ferimentos, filhotes órfãos ou indivíduos debilitados — a orientação é chamar a Polícia Ambiental pelo telefone 190, para que ele seja atendido de forma segura.
Fonte: Secom-PB