A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das etapas mais temidas pelos estudantes, dado seu peso significativo na nota final, que influencia a aprovação em universidades, programas de acesso ao ensino superior e até serve como critério de desempate em processos seletivos. Apesar da preocupação, especialistas apontam que o segredo para um bom desempenho está na prática constante de leitura, escrita e na integração de conteúdos de diversas áreas do conhecimento para embasar argumentos.
Candice Almeida, assessora pedagógica de Redação no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) dos colégios da Rede Positivo, destaca que os temas da redação do Enem geralmente giram em torno de cinco eixos temáticos recorrentes: Cidadania e Direitos Humanos, Educação e Cultura, Tecnologia e Comunicação, Saúde e Bem-Estar, e Meio Ambiente e Sustentabilidade. “Esse exercício de futurologia pode ser perigoso. Primeiro, porque dificilmente você vai acertar. Depois, porque você pode se prender a um repertório e deixar de lado outras possibilidades”, alerta Candice, enfatizando que a preparação deve ser ampla e orgânica, sem depender de tentativas de adivinhar o tema.
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Mateus Fernando de Oliveira, doutor em Letras e professor do Colégio Positivo – Londrina, explica que a redação do Enem é o resultado de reflexões críticas combinadas com um repertório sociocultural acumulado. “Entender que a redação é resultado de uma série de reflexões, de uma análise crítica que a gente pode desenvolver sobre uma problemática… é resultado de uma soma de leituras econômicas, políticas. Começar a olhar esses conteúdos que ele está estudando, principalmente as leituras literárias que se somam muito a esse repertório, vai virar parte do repertório sociocultural”, afirma. Ele destaca que a dificuldade em argumentar pode ser superada ao associar opiniões a fontes confiáveis. “É preciso dialogar com uma fonte que confirme esse argumento. Então, busco sempre, a partir do repertório que os alunos apresentam, sejam por meio de livros, séries, filmes, músicas, contextualizações históricas, ver o que faz mais sentido para o aluno dentro da perspectiva do texto”, complementa.
Além disso, a redação do Enem exige uma proposta de intervenção obrigatória, que deve apresentar uma solução prática e detalhada para o problema abordado. “Além de apresentar o tema, trazer a tese em acordo com o tema, defendê-la com argumentos consistentes, legítimos, pertinentes e produtivos, o aluno tem que fazer uma proposta de intervenção que esteja vinculada ao debate”, explica Candice. Essa proposta deve conter cinco elementos: agente, ação, meio, efeito e detalhamento.
Candice reforça que a redação é uma área em que o estudante pode alcançar a nota mil, algo inviável em outras disciplinas, mas exige dedicação proporcional. “Às vezes, o aluno fica quatro, cinco horas por semana estudando matemática e física e acaba não dando o mesmo enfoque para a redação. Isso não pode acontecer”, conclui. A preparação constante, com leitura, escrita e integração de conteúdos, é o caminho para enfrentar qualquer tema que o Enem 2025 possa trazer.
Com informações do portal Terra.