Estudante de direito apontada como ‘serial killer’ envenenou quatro pessoas em cinco meses, aponta investigação
Termômetro da Política
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A universitária Ana Paula Veloso Fernandes, estudante de Direito, é acusada de envenenar e matar quatro pessoas em um período de cinco meses, entre janeiro e maio deste ano, segundo investigação da Polícia Civil de São Paulo. Presa no início de setembro, a jovem, apontada como “serial killer”, teria vitimado Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres. As mortes, todas com sinais de envenenamento, ocorreram em Guarulhos (SP), Duque de Caxias (RJ) e na capital paulista.
Ana Paula Veloso Fernandes é acusada de envenenar e matar quatro pessoas (Foto: Reprodução)
As vítimas e os crimes
31 de janeiro: Marcelo Hari Fonseca Ana Paula é acusada pelo Ministério Público (MP) de matar Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos, em 31 de janeiro, em Guarulhos. O corpo do dono do imóvel, alugado por Ana Paula e sua irmã Roberta, foi encontrado em avançado estado de putrefação. As irmãs acionaram a Polícia Militar (PM) para atender a ocorrência, mas o caso foi inicialmente arquivado em 5 de maio por falta de provas. Após a reabertura da investigação, a suspeita recaiu sobre envenenamento, e a polícia aguarda os resultados dos exames toxicológicos.
11 de abril: Maria Aparecida Rodrigues Ainda em Guarulhos, Ana Paula teria matado Maria Aparecida Rodrigues em 11 de abril. A vítima, uma amiga virtual conhecida por meio de redes sociais, passou mal e morreu após consumir café e bolo na casa da estudante. A filha de Maria relatou que Ana Paula usou um nome falso ao se apresentar à sua mãe e, após a morte, demonstrou interesse em recuperar roupas que supostamente deixou na residência da vítima. A universitária não compareceu ao velório nem ao enterro.
26 de abril: Neil Corrêa da Silva Em Duque de Caxias (RJ), Neil Corrêa da Silva, um aposentado de 65 anos, morreu em 26 de abril após comer uma feijoada levada por Ana Paula. A estudante, amiga de uma filha de Neil na faculdade, teria sido contratada por Michelle, filha da vítima, para envenenar a comida. Segundo a polícia, Ana Paula testou o veneno em dez cães para garantir sua eficácia. Trocas de mensagens por WhatsApp entre Ana Paula e Roberta revelaram o uso do código “TCC” — uma falsa referência a “Trabalho de Conclusão de Curso” — para cobrar R$ 4 mil que Michelle pagaria pelo assassinato. Pai e filha tinham constantes desentendimentos, conforme apurado.
23 de maio: Hayder Mhazres Na capital paulista, Ana Paula é acusada de matar Hayder Mhazres, um tunisiano de 21 anos com quem mantinha um relacionamento amoroso. O jovem passou mal em seu apartamento enquanto estava com a estudante. Familiares de Hayder relataram que Ana Paula afirmava estar grávida dele e pediu dinheiro, embora a investigação tenha concluído que a gestação era uma mentira. O corpo do tunisiano, enviado para a Tunísia, não foi exumado, mas a polícia acredita que ele também foi envenenado.
Investigação em andamento
As quatro vítimas apresentaram edemas nos pulmões e outros sinais característicos de envenenamento, e a suspeita dos peritos é que o “chumbinho”, veneno popular contra ratos, tenha sido usado. Três dos quatro corpos foram exumados para análise, mas os resultados dos exames periciais da Polícia Técnico-Científica ainda são aguardados para confirmar a substância utilizada.
Ana Paula está presa preventivamente em uma unidade prisional na capital paulista, enquanto sua irmã Roberta e Michelle, filha de Neil, estão detidas temporariamente em presídios de Guarulhos. A Polícia Civil continua investigando se há outras vítimas. O Ministério Público já denunciou Ana Paula pelos quatro homicídios, enquanto Roberta ainda não foi formalmente acusada, mas deve responder pelas mortes. Michelle também pode ser denunciada pelo assassinato do pai. O g1 não conseguiu contato com as defesas das três suspeitas para comentar o caso.