Geral - -
Dono do Banco Master é preso durante tentativa de fuga e BC decreta liquidação
Termômetro da Política
Compartilhe:

O presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi detido pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (17) no Aeroporto de Guarulhos. A prisão ocorreu no momento em que ele tentava deixar o país em um avião particular com destino a Malta. A prisão de Vorcaro faz parte da Operação Compliance Zero, que também tinha diretores do Master como alvos e mira a venda de títulos de crédito falsos. A instituição financeira é investigada por emitir CDBs (Certificados de Depósito Bancário) que prometiam um retorno ao cliente de “até 40% acima da taxa básica do mercado,” um retorno classificado como irreal.

Daniel Vorcaro tentava deixar o país em um avião particular com destino a Malta
Daniel Vorcaro tentava deixar o país em um avião particular com destino a Malta (Foto: Reprodução)

O CDB é um tipo de investimento de renda fixa onde o aplicador empresta dinheiro a um banco em troca de juros, podendo ter rentabilidade pré-fixada ou pós-fixada (atrelada a indicadores como o CDI).

Segundo investigadores, Vorcaro estava no banco na segunda-feira à tarde. Após a divulgação do comunicado da venda, ele pegou um helicóptero e seguiu para o terminal da aviação executiva de Guarulhos, onde embarcaria em um avião particular. A PF antecipou a prisão, que estava prevista para esta terça-feira, diante da possibilidade de fuga.

Leia também
Jards Macalé, ícone da música brasileira, morre aos 82 anos no Rio

Para a PF, “não há dúvidas de que ele estava em fuga – não porque soubesse da operação desta terça, mas porque queria estar longe depois que a notícia da venda do Master fosse tornada pública.”

A Operação Compliance Zero cumpriu seis dos sete mandados de prisão, além de 25 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. O objetivo da ação é combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições que integram o Sistema Financeiro Nacional.

As investigações, iniciadas em 2024 após requisição do Ministério Público Federal, apuram a possível fabricação de “carteiras de crédito insubsistentes” por uma instituição financeira, que teriam sido vendidas a outro banco e, após fiscalização do Banco Central (BC), substituídas por “outros ativos sem avaliação técnica adequada.” São investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.

Liquidação e negócios interrompidos

A prisão de Vorcaro ocorreu horas após o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master. O negócio com o grupo Fictor, que teria a participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos, previa um “aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do Master,” que passa por dificuldades financeiras.

No entanto, na manhã desta terça-feira, o Banco Central emitiu um comunicado decretando a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição. Com a decisão, “qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida.”

Após a prisão, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. Procuradas pela reportagem, “nem a defesa dele nem o banco se manifestou.”

Tentativa anterior de venda

A notícia da Fictor veio pouco mais de um mês após o Banco Central ter rejeitado uma aquisição anterior. O BRB (Banco de Brasília) já havia protagonizado uma tentativa frustrada de adquirir a instituição.

O acordo entre o BRB, sociedade controlada majoritariamente pelo governo do Distrito Federal, e o Master foi anunciado em março. O BRB pretendia adquirir “49% das ações ordinárias,” “100% das preferenciais” e “58% do capital total do Master.” O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Câmara Legislativa do Distrito Federal haviam aprovado a transação, que foi proposta e sancionada “em tempo recorde pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, defensor da transação.”

Entretanto, o negócio foi barrado cinco meses depois pela diretoria colegiada do Banco Central, composta pelo presidente Gabriel Galípolo e mais oito diretores. A decisão de setembro negou a operação por entender que o pedido não contemplava todos os requisitos necessários, indicando a “ausência de documentos que comprovassem a ‘viabilidade econômico-financeira’.” A aprovação do BC seria o último passo para a conclusão da negociação.

Com informações do portal g1.

Compartilhe: