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Correios acumularam alertas internos sobre risco de rombo desde 2023, revelam documentos
Termômetro da Política
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O Conselho Fiscal dos Correios emitiu pelo menos quatro alertas entre 2023 e 2024 sobre o crescimento acelerado das despesas e a queda de receitas da estatal, segundo documentos internos obtidos pela reportagem. Os conselheiros – um representante do Tesouro Nacional e dois do Ministério das Comunicações – cobraram medidas urgentes para conter custos e elevar arrecadação.

Os Correios vão divulgar os editais do concurso em setembro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em agosto de 2023, o Conselho exigiu informações sobre ações para redução de despesas e plano para geração de receitas. Dois meses depois, destacou o alto custo da folha de pagamento e a limitada capacidade de corte no curto prazo.

Em abril de 2024, apontou que as metas de receita pareciam “arrojadas” diante do histórico mais conservador, sugerindo superestimação. O alerta mais grave veio em agosto de 2024: risco de insuficiência orçamentária, com defesa de adequação imediata de despesas para proteger ativos, garantir operações e atingir objetivos estratégicos.

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Os alertas se concretizaram. Em 2024, a empresa registrou déficit de R$ 2,6 bilhões. Até setembro de 2025, o rombo acumulado chegou a R$ 6 bilhões, com projeção de fechar o ano em R$ 10 bilhões.

Sob pressão, os Correios apresentaram em novembro novo plano de reestruturação, com demissão voluntária de 15 mil funcionários, venda de imóveis e pedido inicial de empréstimo de R$ 20 bilhões – agora negociado em torno de R$ 12 bilhões, sem acordo final com bancos.

Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou inconsistências no balanço de 2023. A estatal registrou déficit de R$ 600 milhões, mas o real teria sido R$ 1,6 bilhão, pois deixou de provisionar R$ 1 bilhão em dívidas trabalhistas já reconhecidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.

Às vésperas da publicação do balanço, os Correios usaram liminar de instância inferior para alegar dúvida sobre o pagamento, retirando a despesa. A CGU classificou o procedimento como contrário a princípios e normas contábeis.

Desde 2021, o Comitê de Auditoria da empresa alertava para a necessidade de contratar auditoria independente mais robusta, capaz de lidar com a complexidade dos negócios.

A direção dos Correios, que assumiu há três meses, afirmou que vem adotando medidas para reverter a crise e garantir sustentabilidade a longo prazo. O plano de reestruturação prevê equilíbrio das contas, fortalecimento da governança e modernização, com acompanhamento permanente de órgãos de supervisão do governo.

Fonte: Agência Brasil

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