A manhã desta segunda-feira (22) foi marcada por uma paralisação que envolveu cerca de 1.300 trabalhadores das viações Vila Isabel e Real, na Zona Norte da capital fluminense. Motoristas, mecânicos e funcionários administrativos cruzaram os braços, afetando diretamente 24 linhas que conectam bairros das zonas Sul, Norte, Sudoeste e Central, com reflexos em pontos como o Terminal Gentileza e a Central do Brasil. Trata-se da segunda mobilização do tipo em apenas três meses.

O Sindicato dos Rodoviários aponta que a decisão veio após meses de acumulação de irregularidades. Os empregados cobram pagamento de salários atrasados e vale-alimentação, além de reclamarem da ausência de depósitos de FGTS e recolhimento de INSS. Outras queixas incluem demissões em massa sem pagamento de verbas rescisórias, férias pendentes desde outubro, não repasse de pensões alimentícias e empréstimos consignados, cancelamento unilateral do plano odontológico e condições precárias de trabalho, com veículos sem manutenção adequada e até infestados por baratas.
Os trabalhadores se concentraram em quatro locais estratégicos: Central do Brasil, Terminal Gentileza, um terreno na Avenida Brasil próximo ao Assaí e a garagem em Vila Isabel.
“Os funcionários estão irredutíveis e só voltam ao trabalho após todos receberem salários, férias, FGTS e ticket alimentação. Vamos tentar um acordo para evitar que a população seja prejudicada ”, declarou José Carlos Sacramento, vice-presidente do sindicato.
A secretária Municipal de Transportes, Maína Celidonio de Campos, anunciou medidas para minimizar os impactos.
“Enviamos um ofício ao consórcio determinando o aumento imediato do número de viagens nas linhas de contingência e ordenando que os consórcios assumam, de forma emergencial, a operação das linhas paralisadas.”
A Prefeitura do Rio enfatizou que os repasses de subsídios aos consórcios estão em dia e classificou o conflito como uma questão interna entre as empresas e seus empregados.
A situação das viações Real e Vila Isabel já vinha sendo acompanhada pela imprensa nos últimos dois meses, com reportagens que destacavam circulação de ônibus sem manutenção, redução da frota e atrasos frequentes. O quadro ganhou contornos mais graves após um veículo da frota pegar fogo dentro do Túnel Rebouças, em novembro, expondo riscos aos passageiros.
Em comunicado conjunto, o Rio Ônibus e o Consórcio Intersul acompanham o caso e reforçam que ele reflete a grave crise pela qual passa o setor, problema já denunciado em diversas ocasiões. O consórcio manifestou esperança de que empresas e rodoviários cheguem a um entendimento rápido, para normalizar o serviço e atender plenamente a população carioca.
Com informações do portal g1.