Internacional - -
Conheça Dom Sérgio da Rocha, cardeal brasileiro próximo de Francisco e cotado entre os favoritos para ser o novo papa
Termômetro da Política
Compartilhe:

Dom Sérgio da Rocha, nascido em 21 de outubro de 1959, na pequena Dobrada, interior de São Paulo, é uma das figuras mais proeminentes da Igreja Católica no Brasil. Atual arcebispo de São Salvador da Bahia, primaz do Brasil e cardeal desde 2016, ele combina uma trajetória de dedicação pastoral, formação teológica robusta e um papel influente no Vaticano, sendo apontado por especialistas como o brasileiro com maior potencial para suceder o Papa Francisco, embora as chances de um papa latino-americano consecutivo sejam consideradas baixas.

Dom Sergio da Rocha manteve contato com o Papa Francisco até os seus últimos dias (Foto: Divulgação/Arquidiocese de Salvador)

Origens e vocação

Filho de Rubens da Rocha e Aparecida Veronesi, Dom Sérgio cresceu em uma família simples em uma área rural de Dobrada, então distrito de Matão. Desde a infância, sua vocação religiosa era evidente. Sua cunhada, Sônia da Rocha, recorda que ele acompanhava a mãe à igreja, fascinado por “santinhos” e atividades religiosas. Ordenado padre em 14 de dezembro de 1984, na Matriz do Senhor Bom Jesus de Matão, pela Diocese de São Carlos, ele adotou o lema “Omnia in caritate” (Tudo na Caridade), que guia sua atuação.

Veja também
Missa Pro Eligendo Pontifice prepara cardeais para conclave que vai escolher novo papa

Sua formação acadêmica é notável: graduou-se em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Lorena e em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Obteve mestrado em Teologia Moral pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e doutorado pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, em 1997. Essa base intelectual o preparou para uma carreira que alia reflexão teológica e ação pastoral.

Ascensão na Igreja

A trajetória eclesiástica de Dom Sérgio começou em 2001, quando foi nomeado bispo auxiliar de Fortaleza pelo Papa João Paulo II. Em 2007, Bento XVI o designou arcebispo coadjutor de Teresina, assumindo a arquidiocese como metropolitano em 2008. Em 2011, tornou-se arcebispo de Brasília, onde criou 11 paróquias, reestruturou o seminário e implementou planos para jovens e pessoas em situação de rua.

Em 19 de novembro de 2016, o Papa Francisco o elevou a cardeal, conferindo-lhe o título de cardeal-presbítero da Basílica de Santa Cruz na Via Flaminia. Desde 2020, é arcebispo de Salvador, a sede primacial do Brasil, reforçando seu papel como líder da Igreja no país.

Influência nacional e internacional

Dom Sérgio presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entre 2015 e 2019, destacando-se por sua liderança em temas como nova evangelização e família. Foi relator geral do Sínodo dos Bispos de 2018, focado em juventude, fé e discernimento vocacional, e representou a CNBB em sínodos sobre família e evangelização.

No Vaticano, sua relevância cresceu. Em 2023, tornou-se o primeiro brasileiro a integrar o Conselho de Cardeais (C9), grupo que auxilia o Papa no governo da Igreja e na reforma da Cúria Romana. É também membro da Congregação para os Bispos, Congregação para o Clero, Pontifícia Comissão para a América Latina e do Conselho do Sínodo dos Bispos, sendo o único latino-americano no C9. Especialistas, como o professor Jorge Claudio Ribeiro, da PUC-SP, destacam sua circulação em fóruns internacionais como um diferencial.

Compromisso social e polêmicas

Dom Sérgio é reconhecido por sua postura progressista moderada, enfatizando diálogo e fraternidade. Em 2021, celebrou uma missa em memória de vítimas de transfobia, a pedido de organizações LGBT, condenando a violência contra a comunidade LGBTI+ e defendendo uma “cultura de fraternidade e paz”. A iniciativa gerou críticas de setores conservadores, mas reforçou sua imagem como pastor atento às vulnerabilidades sociais.

Ele também se posiciona sobre questões políticas, defendendo a ética na política e a participação cidadã em uma sociedade democrática, sem endossar agressões ou polarizações.

Legado e cotação papal

Próximo do Papa Francisco, com quem manteve contato até seus últimos dias por meio de bilhetes e ligações, Dom Sérgio enaltece o legado de simplicidade e dedicação aos pobres do pontífice argentino. Após a morte de Francisco em 21 de abril de 2025, ele participou do funeral no Vaticano e é um dos sete cardeais brasileiros aptos a votar no conclave que escolherá o próximo papa, iniciado por volta de 6 de maio.

Embora evite comentar especulações sobre sua possível eleição, afirmando que “o Espírito Santo conduz”, seu nome aparece em listas de “papabili” devido à sua experiência, proximidade com Francisco e atuação global. Vaticanistas, no entanto, ponderam que a eleição de outro latino-americano é improvável, e as congregações gerais antes do conclave definirão o perfil do novo papa.

Reconhecimento

Em Salvador, recebeu o título de Cidadão Soteropolitano em 2023 e de Cidadão Baiano em 2025, reconhecimentos por sua contribuição à capital baiana.

Com informações de: CNN Brasil, Arquidiocese de São Salvador da Bahia, g1, CNBB e Vatican News.

Compartilhe: