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Estudo global revela que a cada 4 empregos, 1 deve ser impactado por IA
Termômetro da Política
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Um estudo inédito realizado em parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK) aponta que 25% das ocupações em todo o mundo estão potencialmente sujeitas a influência da inteligência artificial generativa. Contudo, o efeito mais esperado dessa exposição seria a adaptação das funções, e não necessariamente a eliminação dos postos de trabalho.

Tendência é que haja adaptação das funções, e não necessariamente a eliminação dos postos de trabalho (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O relatório “IA generativa e Empregos: Um Índice Global Refinado de Exposição Ocupacional“, divulgado em 20 de maio, representa a análise mais abrangente já feita sobre os possíveis impactos dessa tecnologia no mercado laboral. A metodologia inovadora do estudo cruzou cerca de 30 mil tarefas profissionais com avaliação especializada, classificação assistida por IA e microdados padronizados pela OIT, proporcionando uma perspectiva detalhada sobre como diferentes profissões e países podem ser transformados pela tecnologia.

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“Fomos além da teoria para construir uma ferramenta baseada em empregos da vida real. Ao combinar perspectiva humana, revisão especializada e modelos de IA generativa, criamos um método replicável que ajuda os países a avaliar riscos e responder com precisão”, disse o pesquisador sênior da OIT e principal autor do estudo, Paweł Gmyrek. 

As principais conclusões do relatório incluem:

  • Novos “gradientes de exposição”, que agrupam ocupações de acordo com seu nível de exposição à IA generativa, permitem que os formuladores de políticas diferenciem entre empregos com alto risco de automação total e aqueles que provavelmente evoluirão por meio da transformação de tarefas.
  • 25% do emprego global estão em ocupações potencialmente expostas à IA generativa, com participações maiores em países de renda alta  (34%).
  • A exposição entre as mulheres permanece significativamente maior. Em países de renda alta, os empregos com maior risco de automação representam 9,6% do emprego feminino, em comparação com 3,5% do emprego entre os homens.
  • Os trabalhos administrativos são os mais expostos, devido à capacidade teórica da IA generativa de automatizar muitas de suas tarefas. No entanto, as crescentes capacidades da IA generativa também aumentam a exposição de certos trabalhos cognitivos altamente digitalizados em setores como meios de comunicação, software e finanças.
  • A automação completa do emprego, no entanto, segue sendo limitada, visto que muitas tarefas, embora possam ser realizadas com mais eficiência, continuam a exigir a intervenção humana. O estudo destaca as possíveis trajetórias divergentes para ocupações acostumadas a rápidas transformações digitais – como desenvolvedores de software – e aquelas em que habilidades digitais limitadas podem ter efeitos mais negativos.
  • As políticas que orientam as transições digitais serão um fator importante para determinar até que ponto os trabalhadores e as trabalhadoras podem ser retidos em ocupações que estão se transformando como resultado da IA e como essa transformação afeta a qualidade do emprego.

“Este índice ajuda a identificar onde a IA generativa tem maior probabilidade de ter o maior impacto, para que os países possam preparar e proteger melhor os trabalhadores. O próximo passo é aplicar este novo índice a dados detalhados sobre a força de trabalho da Polônia”, disse o especialista sênior do NASK e coautor do relatório, Marek Troszyński. 

Uma ferramenta política para transições inclusivas

O estudo da OIT e do NASK enfatiza que os números refletem a exposição potencial, não as perdas reais de empregos. Limitações tecnológicas, lacunas de infraestrutura e escassez de habilidades significam que a implementação variará amplamente entre países e setores. Os autores enfatizam que a IA generativa tem mais probabilidade de transformar empregos do que de eliminá-los.

O relatório exorta governos, organizações de empregadores e trabalhadores a se envolverem no diálogo social e a elaborarem estratégias proativas e inclusivas que melhorem a produtividade e a qualidade do emprego, especialmente nos setores mais vulneráveis.

“É fácil se perder na atenção midiática em torno da IA. O que precisamos é de clareza e de contexto. Esta ferramenta ajuda os países a avaliar a exposição potencial e a preparar seus mercados de trabalho para um futuro digital mais justo”, explicou a economista da OIT Janine Berg.

Este estudo marca a primeira de uma série de publicações conjuntas entre a OIT e o NASK com foco na IA generativa e no futuro do trabalho. Relatórios futuros abordarão os impactos nacionais no mercado de trabalho e oferecerão orientações técnicas para fundamentar políticas, especialmente em economias emergentes e em desenvolvimento.

Fonte: ONU Brasil

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