O lateral esquerdo venezuelano Navarro, do Talleres, desabou em lágrimas ainda dentro de campo após uma discussão com o meia paraguaio Bobadilla, do São Paulo, durante partida válida pela Copa Libertadores da América na noite desta terça-feira (27). O jogador acusou o adversário de proferir ofensas xenofóbicas, especificamente a frase “venezuelano morto de fome”. A partida aconteceu no estádio Morumbis, na capital paulista.
O incidente ocorreu aos 41 minutos do segundo tempo. Navarro, visivelmente abalado, foi consolado por companheiros de equipe e até por alguns jogadores do São Paulo. Ao deixar o campo, inicialmente evitou comentar o ocorrido, mas afirmou que se sentiu ofendido e que Bobadilla “sabe o que disse”. Mais tarde, em uma publicação nos stories do Instagram, o atleta venezuelano reforçou a acusação de xenofobia e declarou: “irei até as últimas instâncias”.
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“Gostaria de ter a solução para a fome no meu país em minhas mãos. Espero que Deus me dê muitas coisas para ajudar. Não creio que haja muito que se possa fazer em relação à pobreza mental. Nunca terei vergonha das minhas raízes, irei até as últimas instâncias diante do ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil pelas mãos de Damián Bobadilla. No futebol não há espaço para discursos de ódio”, disse o atleta.
Após o jogo, Navarro prestou depoimento dentro do estádio, momento em que voltou a chorar. Em seguida, foi conduzido ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do Morumbis, deixando o local ainda emocionado. A Polícia Militar tentou ouvir Bobadilla no vestiário do São Paulo, mas o paraguaio já havia deixado o estádio.
O São Paulo informou que não se manifestará sobre o caso até que todas as apurações sejam concluídas.
O técnico do Talleres, Mariano Levisman, disse em entrevista coletiva que Navarro sofreu “discriminação” durante a partida. O episódio deve seguir sendo investigado pelas autoridades competentes e pelas instâncias esportivas.
“Há muita ênfase nesta competição em conscientizar sobre a discriminação, e tivemos um jogador que foi discriminado hoje. Navarro e eu ouvimos comentários ofensivos sobre nossa origem. Acreditamos que isso não pode ser ignorado. Em um lugar onde se insinua ou se alardeia receber tantos atos discriminatórios, ficamos profundamente magoados em ver um jogador sofrendo esse tipo de agressão”, afirmou o treinador.
Com informações do portal UOL.