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Israel admite ter disparado com tanques de guerra contra povo faminto em Gaza; 51 foram assassinados
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Tanques israelenses abriram fogo contra uma multidão que tentava receber ajuda humanitária de caminhões na Faixa de Gaza nessa segunda-feira (16), resultando em pelo menos 51 mortes, de acordo com médicos locais. O episódio é um dos mais violentos desde o agravamento da crise na região, onde civis desesperados buscam alimentos em meio ao conflito. Um vídeo divulgado nas redes sociais exibia cerca de doze corpos mutilados em uma rua de Khan Younis, no sul do território palestino. O Exército israelense confirmou ter realizado disparos na área e afirmou que o caso está sob investigação.

Além dos 51 mortos, cerca de 200 pessoas ficaram feridas (Foto: Reprodução/X)

Testemunhas ouvidas pela Reuters relataram que os tanques israelenses dispararam ao menos dois projéteis contra milhares de pessoas que se concentravam em uma via principal no leste de Khan Younis, onde caminhões de suprimentos costumam passar. Segundo os médicos, além dos 51 mortos, cerca de 200 pessoas ficaram feridas, sendo pelo menos 20 em estado grave. As vítimas foram transportadas às pressas para hospitais em veículos civis, riquixás e carroças puxadas por burros.

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“De repente, eles nos deixaram seguir em frente e fizeram com que todos se reunissem, e então começaram a cair projéteis, projéteis de tanque”, disse Alaa, uma testemunha entrevistada pela Reuters no Hospital Nasser, onde as vítimas feridas estavam espalhadas pelo chão e nos corredores devido à falta de espaço. “Ninguém está olhando para essas pessoas com misericórdia. As pessoas estão morrendo, estão sendo despedaçadas, para conseguir comida para seus filhos. Olhe para essas pessoas, todas elas estão sendo despedaçadas para conseguir farinha para alimentar seus filhos.”

Em nota, as Forças de Defesa de Israel (IDF) declararam: “Nesta manhã, foi identificada uma aglomeração próxima a um caminhão de ajuda humanitária que ficou bloqueado na região de Khan Younis, nas proximidades de tropas israelenses em operação.”

Além disso, médicos relataram que pelo menos 14 outras pessoas morreram em ataques aéreos e tiroteios separados em diferentes áreas do enclave, elevando o total de mortos no dia para pelo menos 65.

“As IDF estão cientes de relatos sobre vários indivíduos feridos por disparos das IDF após a aproximação da multidão. Os detalhes do incidente estão sendo analisados. As IDF lamentam qualquer dano a indivíduos não envolvidos e trabalham para minimizar ao máximo os danos a eles, mantendo a segurança de nossas tropas.”

Massacre em meio à crise humanitária

O ocorrido é o mais recente em uma sequência de mortes em massa quase diárias de palestinos que tentam obter ajuda alimentar nas últimas três semanas, após Israel flexibilizar parcialmente o bloqueio total imposto ao território por quase três meses. Atualmente, Israel concentra a maior parte da distribuição de assistência por meio da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma entidade recém-criada com apoio israelense e americano, que opera em pontos de distribuição protegidos por tropas israelenses.

A ONU critica o modelo, considerando-o ineficaz, arriscado e em desacordo com os princípios de neutralidade humanitária. Israel defende a medida como necessária para impedir que o Hamas desvie os recursos – acusação negada pelo grupo palestino. Autoridades em Gaza afirmam que centenas de civis já foram mortos ao tentar acessar os postos da GHF, incluindo 23 pessoas baleadas por forças israelenses nesta segunda-feira (16) em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Em comunicado divulgado no fim do dia, a GHF informou ter distribuído mais de três milhões de refeições em seus quatro centros de distribuição, sem registrar incidentes durante as operações.

Com informações da Agência Brasil.

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