A Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC), entidade esotérica brasileira conhecida por alegar influenciar eventos climáticos, anunciou na noite de quarta-feira (9) a suspensão de 50% de sua “assistência climática” aos Estados Unidos. A decisão é uma resposta direta à imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, anunciada pelo presidente Donald Trump, que entra em vigor a partir de 1º de agosto. A medida da fundação, que se baseia no “Princípio da Reciprocidade”, afeta serviços prestados gratuitamente a regiões como Califórnia, Nova Iorque, Flórida, Chicago e o Meio-Oeste americano, e gerou reações variadas nas redes sociais.
A tarifa de Trump foi justificada, em parte, como retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump classificou o processo como uma “vergonha internacional” e acusou o Brasil de ataques à liberdade de expressão e às eleições livres, sem apresentar provas. O governo brasileiro rejeitou a carta, chamando-a de “ofensiva e imprecisa”, e prometeu retaliar com tarifas equivalentes sobre produtos americanos, conforme a Lei da Reciprocidade Econômica.
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A presidente da FCCC, a médium Adelaide Scritori, comunicou a decisão em nota oficial nas redes sociais: “Diante da decisão absurda contra o nosso Brasil, a Fundação Cacique Cobra Coral suspende a partir de hoje em 50% a assistência climática sem ônus, a empresas da Califórnia, Chicago, Nova Iorque, Meio-Oeste Americano, Flórida e outros, desde o governo Ronald Reagan. Receba, senhor presidente Donald Trump, nossa manifestação de paz espiritual.” A medida, segundo a entidade, reflete a reciprocidade evocada tanto pela fundação quanto pelo governo brasileiro.
Fundada em 1931, a Fundação Cacique Cobra Coral é uma entidade esotérica brasileira que afirma ter a capacidade de intervir em eventos climáticos para minimizar catástrofes naturais causadas por desequilíbrios ambientais. Liderada pela médium Adelaide Scritori, a organização diz ser guiada pelo espírito do Cacique Cobra Coral, que teria sido Galileu Galilei e Abraham Lincoln em vidas passadas. A FCCC alega atuar em 16 países e três continentes, com parcerias históricas com prefeituras, como a de São Paulo, e eventos como o Réveillon de Copacabana e o Rock in Rio, onde teria evitado chuvas. Desde os anos 1980, a fundação afirma monitorar a Falha de San Andreas, na Califórnia, oferecendo assistência climática gratuita a empresas americanas. Apesar de sua notoriedade, a entidade é alvo de ceticismo científico, e suas ações são frequentemente vistas como simbólicas.
A suspensão da assistência climática não é a primeira ruptura da FCCC com os EUA. Em 2017, a entidade cortou relações após Trump retirar o país do Acordo de Paris, tratado global para combater mudanças climáticas, alegando que a decisão ia contra sua missão de proteger o meio ambiente. A nova medida gerou reações imediatas nas redes sociais, com internautas associando um alerta de tornado em Washington, D.C., emitido horas após o anúncio, à suspensão dos serviços da fundação. “O Cacique Cobra Coral já começou os trabalhos depois da taxação”, escreveu um usuário no X, em tom de ironia.
Embora a decisão da FCCC não tenha impacto direto no comércio ou na meteorologia oficial, ela carrega um peso simbólico em meio às tensões diplomáticas entre Brasil e EUA. A tarifa de 50%, que se soma a taxas já existentes sobre produtos como aço e alumínio, ameaça a competitividade das exportações brasileiras, especialmente na siderurgia. O governo brasileiro, por sua vez, estuda medidas retaliatórias, enquanto o presidente Lula reforçou que o Brasil “não aceitará ser tutelado” e que o julgamento de Bolsonaro é uma questão de soberania nacional.
A Fundação Cacique Cobra Coral indicou que a assistência climática poderá ser retomada caso os EUA revejam a política tarifária. Por ora, a decisão da entidade adiciona um elemento peculiar ao embate comercial e político entre os dois países, refletindo a polarização e o impacto de gestos simbólicos nas relações bilaterais.
