A Força Aérea tailandesa executou ataques aéreos contra alvos no Camboja na manhã desta quinta-feira (24), intensificando as tensões na área de fronteira disputada entre os dois países do Sudeste Asiático. A operação ocorre um dia após um militar tailandês ter perdido a perna ao pisar em uma mina terrestre.
De acordo com o 2º Comando Militar Regional da Tailândia, caças F-16 foram mobilizados, resultando na destruição de duas unidades de apoio militar cambojanas. O vice-porta-voz do Exército tailandês, coronel Richa Suksuwanont, afirmou que os ataques visaram exclusivamente instalações militares.
O governo do Camboja ainda não emitiu um posicionamento oficial sobre os bombardeios.
Autoridades militares tailandesas relataram que confrontos armados eclodiram ao longo da fronteira nesta manhã, deixando civis feridos e provocando a evacuação de moradores na província de Surin.
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Os ataques teriam sido deflagrados após tropas cambojanas dispararem contra uma base do exército tailandês próximo ao Templo Ta Muen Thom, situado em área contestada. Militares tailandeses também alegaram que o Camboja utilizou um drone antes de deslocar soldados armados para a região.
Além disso, o exército tailandês acusou as forças cambojanas de atirarem com armamento pesado contra zonas civis no distrito de Kap Choeng, vizinho à região do conflito.
“O ataque resultou em três civis feridos. As autoridades tailandesas agiram rapidamente para realocar os residentes da área, garantindo a proteção de vidas e bens”, informou o exército em comunicado.
Um porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja afirmou que suas tropas reagiram em legítima defesa após uma incursão de militares tailandeses.
“As forças cambojanas agiram estritamente dentro dos princípios de autodefesa, respondendo a uma invasão não provocada por tropas tailandesas, que violaram nossa soberania territorial”, declarou o Tenente-General Maly Socheata.
O primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, postou em sua página no Facebook que a Tailândia atacou posições militares cambojanas em dois templos na província de Oddar Meanchey, além de áreas nas províncias de Preah Vihear e Ubon Ratchathani.
“O Camboja sempre buscou resolver as questões de forma pacífica, mas, diante desta situação, não tivemos alternativa senão responder com força militar à agressão armada”, disse o líder cambojano, que também pediu tranquilidade à população.
Pelo menos dois soldados tailandeses foram feridos, segundo informações da Reuters, citando uma fonte militar tailandesa.
Dois hospitais na província de Surin, próxima ao conflito, iniciaram a transferência de pacientes, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde Pública da Tailândia.
O embate ocorre um dia após um segundo soldado tailandês, em menos de uma semana, ter perdido a perna devido à explosão de uma mina em outro trecho da fronteira em disputa.
A Tailândia determinou o fechamento de partes de sua fronteira nordeste para residentes e turistas.
Em retaliação, o Camboja anunciou a redução das relações diplomáticas com a Tailândia “ao nível mínimo” e ordenou o retorno de todos os seus diplomatas.
As relações entre os dois países já estavam tensas desde maio, quando um soldado cambojano foi morto em um confronto com tropas tailandesas em uma área disputada no Triângulo Esmeralda, região onde se encontram as fronteiras do Camboja, Tailândia e Laos.
O conflito gerou repercussões políticas significativas na Tailândia e acirrou o sentimento nacionalista em ambos os lados.
A primeira-ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, foi afastada de suas funções no início do mês após vazar uma conversa telefônica com um influente ex-líder cambojano, na qual ela aparentemente criticou as ações de seu próprio exército na disputa.
Tailândia e Camboja mantêm uma relação complexa, mesclando cooperação e rivalidade nas últimas décadas. Os dois países dividem uma fronteira terrestre de 817 quilômetros, em grande parte demarcada durante a ocupação francesa no Camboja, que tem sido cenário de confrontos esporádicos e fonte de discordâncias políticas.
Com informações da CNN.
