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TACO: a expressão que irrita Trump e viraliza nas redes sociais
Termômetro da Política
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A sigla “TACO”, acrônimo para Trump Always Chickens Out (em português, “Trump Sempre Amarela” ou “Trump Sempre Volta Atrás”), tem causado alvoroço nos Estados Unidos, irritando o presidente Donald Trump e movimentando redes sociais e mercados financeiros. A expressão, que ganhou força em maio de 2025, voltou à tona nessa quarta-feira (30) após novos recuos do presidente em sua política de tarifas comerciais, incluindo isenções para produtos brasileiros.

Milhares de memes foram publicados em referência à expressão TACO e à conduta de 'amarelar', típica do presidente Donald Trump
Milhares de memes foram publicados em referência à expressão TACO e à conduta de ‘amarelar’, típica do presidente Donald Trump (Imagem: Grok)

Origem da expressão

O termo “TACO” foi cunhado pelo economista e colunista do Financial Times, Robert Armstrong, em um artigo publicado em 2 de maio de 2025. Na coluna, Armstrong analisava o comportamento de investidores que se aproveitavam das oscilações nas decisões tarifárias de Trump. Ele observou que o presidente frequentemente anunciava tarifas agressivas contra países, apenas para recuar ou adiá-las dias depois, permitindo a recuperação dos mercados. Armstrong batizou esse padrão como “Teoria Taco: Trump Always Chickens Out” (Trump Sempre Amarela), destacando a percepção de que o governo americano tem baixa tolerância à pressão econômica e de mercado.

A expressão ganhou tração entre analistas financeiros e operadores de Wall Street, que passaram a chamá-la de “TACO Trade”. O termo reflete a estratégia de investidores que compram ações quando Trump anuncia tarifas, prevendo lucros com a valorização do mercado após os inevitáveis recuos do presidente.

Contexto e uso inicial

A popularidade de “TACO” explodiu após o chamado “tarifaço” de Trump, iniciado em 2 de abril de 2025, quando o presidente anunciou tarifas recíprocas contra 185 países, incluindo 10% sobre produtos brasileiros, 34% sobre a China e 20% sobre a União Europeia. A medida causou turbulência nos mercados globais, mas, uma semana depois, Trump recuou, afirmando que diversos países buscaram negociações. Um acordo com a China, por exemplo, reduziu temporariamente as tarifas por 90 dias, enquanto as taxas de 50% sobre produtos europeus foram adiadas para 9 de julho.

Esses recuos reforçaram a percepção de que Trump frequentemente “amarela” sob pressão, consolidando o uso da sigla. Em 28 de maio, durante uma coletiva na Casa Branca, uma jornalista questionou Trump sobre o termo, provocando uma reação irritada: “Eu ‘amarelo’? Nunca ouvi isso. Isso se chama negociação”, rebateu o presidente, chamando a pergunta de “desagradável”. A cena viralizou, alimentando memes nas redes sociais, muitos dos quais retratam Trump como um “frango” ou associados à iguaria mexicana taco, brincando com a semelhança fonética.

Ressurgimento em julho de 2025

A expressão “TACO” voltou ao centro das atenções nessa quarta-feira, quando Trump anunciou a isenção de tarifas sobre cerca de 700 produtos brasileiros, incluindo suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos, fertilizantes e produtos energéticos. A decisão foi celebrada por internautas brasileiros, que resgataram a hashtag #TacoTrump para ironizar o presidente. Posts no X, como o de @joaodomenech, destacaram: “TACO (Trump Always Chickens Out) é uma expressão criada nos EUA para dizer que Trump sempre arrega. Pois TRUMP ARREGOU. Isentou mais de 600 produtos brasileiros das tarifas. LULA VENCEU”.

O recuo de Trump em relação ao Brasil foi interpretado como mais um exemplo do padrão descrito pela “Teoria Taco”. Analistas apontam que a suspensão de tarifas, especialmente após tensões com o governo brasileiro, reforça a ideia de que Trump usa ameaças tarifárias como tática de negociação, mas frequentemente cede diante de pressões econômicas ou políticas.

Impacto cultural e financeiro

Além de viralizar nas redes, a expressão “TACO” tem sido usada por analistas para antecipar movimentos de mercado. Como destacou o Financial Times, investidores veem os anúncios de tarifas de Trump como oportunidades de lucro, apostando em sua tendência de recuar. Essa dinâmica foi chamada de “TACO Trade” e contribuiu para o melhor desempenho das bolsas americanas em maio de 2025 desde 1990.

No entanto, nem todos veem a estratégia como inofensiva. Fareed Zakaria, do The Washington Post, criticou os acordos comerciais de Trump, como o firmado com a China em junho de 2025, como exemplos de “TACO” que mantêm tarifas elevadas (55% sobre bens chineses contra 10% sobre bens americanos), prejudicando consumidores americanos. Além disso, há quem tema que, ciente da expressão, Trump possa insistir em políticas mais duras para evitar a imagem de “covarde”, potencialmente desestabilizando os mercados.

Reação de Trump e a “Teoria do Louco”

Trump tem defendido suas ações como parte de uma estratégia de negociação, alegando que tarifas elevadas forçam outros países a negociar. “Eles [União Europeia] não queriam se encontrar conosco. Depois do que eu fiz, eles disseram: ‘por favor, vamos nos encontrar agora’”, afirmou em maio. Alguns analistas, no entanto, associam seu comportamento à “Teoria do Louco”, em que um líder projeta imprevisibilidade para pressionar adversários, como descrito pela Fast Company Brasil.

Apesar das críticas, a expressão “TACO” continua a ganhar força, especialmente em contextos de tensão comercial. No Brasil, a isenção tarifária foi celebrada como uma vitória, com memes e comentários nas redes sociais reforçando a narrativa de que “Trump sempre amarela”. Enquanto o presidente americano tenta projetar força, o apelido “TACO” permanece como uma provocação que mistura humor, crítica política e análise financeira.

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