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Por telefone, Lula e Xi Jinping discutem ampliação do comércio entre Brasil e China
Termômetro da Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por cerca de uma hora com o presidente da China, Xi Jinping, na noite dessa segunda-feira (11), reforçando o compromisso de ambos em buscar novas oportunidades de negócios entre Brasil e China. A ligação ocorreu em um momento em que os Estados Unidos intensificam tarifas contra parceiros comerciais, e os líderes expressaram interesse em fortalecer laços econômicos.

Durante o diálogo, os presidentes também abordaram a conjuntura internacional (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Segundo a agência de notícias chinesa Xinhua, Xi Jinping destacou o desejo da China de estabelecer um modelo de “unidade e autossuficiência” entre os principais países do Sul Global, com o objetivo de “construir conjuntamente um mundo mais justo e um planeta mais sustentável”. O presidente chinês também “conclamou todos os países a se unirem e se oporem resolutamente ao unilateralismo e ao protecionismo”.

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A política de aumento de tarifas da Casa Branca busca contrabalançar a perda de competitividade da economia americana em relação à China nas últimas décadas. Lula e Xi concordaram sobre a relevância do G20, grupo das maiores economias mundiais, e do Brics, bloco de nações emergentes, na promoção do multilateralismo e na construção de consensos no Sul Global.

Conforme a Xinhua, “Xi disse ainda que a China apoia o povo brasileiro na defesa de sua soberania nacional e apoia o Brasil na salvaguarda de seus direitos e interesses legítimos […]. Xi apelou aos países do Sul Global que salvaguardem conjuntamente a equidade e a justiça na comunidade internacional, defendam as normas básicas que regem as relações internacionais e protejam os direitos e interesses legítimos dos países em desenvolvimento”.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, e os dois países mantêm uma Parceria Estratégica Global, considerada um nível elevado de cooperação diplomática. “Nesse contexto, saudaram os avanços já alcançados no âmbito das sinergias entre os programas nacionais de desenvolvimento dos dois países e comprometeram-se a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”, informou a Presidência do Brasil em nota sobre a conversa.

Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou uma guerra comercial ao impor barreiras alfandegárias proporcionais ao déficit comercial dos EUA com cada país. Como os EUA têm superávit com o Brasil, a tarifa inicial aplicada foi de 10%, a mais baixa. Contudo, em julho, Trump elevou a tarifa para 50% contra o Brasil, em retaliação a decisões que, segundo ele, prejudicariam as big techs americanas e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe após a derrota nas eleições de 2022. As novas tarifas, em vigor desde 6 de agosto, afetam 35,9% das mercadorias exportadas para os EUA, equivalente a 4% das exportações brasileiras.

O governo brasileiro está elaborando um plano de contingência para apoiar os setores econômicos impactados pelas tarifas, incluindo medidas como concessão de crédito para empresas afetadas e aumento das compras governamentais.

A política de comércio exterior do governo Lula prioriza a abertura de novos mercados para produtos brasileiros. Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que as exportações para os EUA, que já representaram 25% do total exportado pelo Brasil, hoje correspondem a 12%.

Na semana passada, Lula revelou que uma ligação para Xi Jinping também buscava negociar a venda de pés de frango para a China, após o Brasil recuperar o status de país livre de gripe aviária. A China, maior comprador de carne de frango brasileira, havia suspendido importações devido a focos da doença.

Durante o diálogo, os presidentes também abordaram a conjuntura internacional, incluindo esforços pela paz na guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de três anos.

Lula destacou a importância da participação da China na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro. “O presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da conferência”, informou a nota da Presidência.

Fonte: Agência Brasil

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