O Ministério da Defesa do Brasil caminha para cancelar o Combined Operation and Rotation Exercise (Core), um programa de treinamento militar conjunto com os Estados Unidos, em meio à maior crise diplomática entre os dois países em anos recentes. Fontes das Forças Armadas apontam que o tensionamento nas relações bilaterais, aliado a restrições orçamentárias, é o principal motivo para a decisão. O governo brasileiro sinalizou a necessidade de revisar a verba destinada à ação, que estava prevista para ocorrer no sertão pernambucano com a participação de cerca de 200 militares brasileiros e 150 soldados norte-americanos.
O Core, firmado durante o governo Jair Bolsonaro (PL), é um programa de cooperação que promove treinamentos conjuntos entre os exércitos dos dois países. O primeiro exercício ocorreu em 2021 no Brasil, e desde então os dois países se revezam como anfitriões das tropas. Neste ano, militares americanos estavam programados para visitar o Brasil em agosto para avaliar o terreno da operação, mas a visita não aconteceu. Apesar disso, os Estados Unidos informaram às Forças Armadas brasileiras que, da parte deles, “o exercício está mantido”.
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A decisão de cancelar o Core ocorre em um momento de atritos diplomáticos, com pressões para revisar todo relacionamento bilateral envolvendo a embaixada americana, que vem atacando o Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, o Ministério da Defesa foi informado de que não há recursos disponíveis para a operação, sendo a Operação Atlas, próxima à Venezuela, a única ação militar viável para 2025.
A crise também impactou outros eventos militares bilaterais. Os Estados Unidos cancelaram o Southcom, um evento organizado em conjunto com a Força Aérea Brasileira (FAB) que estava previsto para o final de julho, em Brasília. A suspensão do Core e o cancelamento do Southcom evidenciam como a deterioração das relações entre Brasília e Washington começa a afetar a histórica aliança militar entre Brasil e Estados Unidos, que, apesar das tensões, mantinha parcerias estratégicas até recentemente.
Com informações da CNN.