Alex Soros, presidente do conselho da Open Society Foundations e filho do bilionário George Soros, afirmou que as ações do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o governo brasileiro configuram uma tentativa de “mudança de regime”, mas que estão fortalecendo a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada nesta segunda-feira (25), durante uma visita ao Brasil onde se reuniu com ministros como Fernando Haddad, Marina Silva e Anielle Franco, Soros declarou: “Ele [Trump] está tornando Lula mais popular”.
Soros aponta que Trump representa “uma ameaça à soberania em todo o mundo”, com pressões que incluem tarifas, sanções e interferências em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente sobre a regulação das big techs. Ele destacou o papel do deputado Eduardo Bolsonaro, que, segundo ele, está “ditando aspectos da política dos EUA para o Brasil”. Contudo, Soros acredita que as tentativas de Trump de desestabilizar governos, incluindo o brasileiro, têm falhado. “Em todos os lugares em que tentou interferir ou emplacar um ‘proxy’, ele fracassou”, afirmou, citando exemplos como o Canadá, Austrália e Romênia, com exceção da Polônia. No Brasil, ele avalia que o efeito é oposto: “As pessoas querem votar contra Trump”.
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Na entrevista, Soros criticou a pressão de Trump em favor das big techs americanas, mencionando ações específicas contra regulamentações digitais. “No Canadá, Trump ameaçou romper acordo comercial se o governo não suspendesse o imposto digital; no Brasil, os EUA fazem pressão contra a decisão do Supremo que muda o regime de responsabilidade das big techs”, disse. Ele classificou essas ações como “interferência externa” e defendeu a necessidade de um “momento rooseveltiano de antitruste” para combater monopólios e garantir um sistema mais justo, inspirado nas políticas antitruste do início do século 20. “Isso é interferência externa. E o pior é que são monopólios”, afirmou.
Soros também descartou qualquer possibilidade de diálogo com Trump. “Não há nada que se possa negociar com Trump. Alguém já fez um acordo ou fez negócios com Trump e acabou se saindo bem? Fora Putin e Xi Jinping?”, questionou. Ele reforçou que o modelo de interferência promovido por Trump tem sido ineficaz globalmente, consolidando a resistência de países soberanos, como o Brasil, contra tais pressões.
Com informações do portal InfoMoney.