Um terremoto de magnitude 6 devastou as províncias orientais de Kunar e Nangarhar, no Afeganistão, na madrugada desta segunda-feira (1), deixando pelo menos 812 mortos e 2.800 feridos, segundo autoridades locais. O desastre, um dos piores já registrados no país, sobrecarrega ainda mais a administração Taliban, que enfrenta crises humanitárias agravadas pela redução de ajuda internacional e pela expulsão de milhares de afegãos por países vizinhos.
O tremor, ocorrido por volta da meia-noite a uma profundidade de 10 km, destruiu três vilarejos em Kunar e causou danos significativos em outras áreas, especialmente em regiões montanhosas remotas ao longo da fronteira com o Paquistão, onde casas de tijolos de barro desabaram. Equipes de resgate enfrentam dificuldades para acessar essas áreas, que carecem de redes de telefonia móvel. “Todas as nossas equipes foram mobilizadas para acelerar a assistência, de modo que um apoio abrangente e completo possa ser fornecido”, afirmou Abdul Maten Qanee, porta-voz do Ministério da Saúde, destacando esforços em segurança, alimentação e saúde.
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Imagens da Reuters TV mostraram helicópteros transportando feridos, enquanto moradores auxiliavam forças de segurança e médicos no resgate de vítimas sob os escombros. O Ministério da Defesa informou que 40 voos transportaram 420 feridos e mortos, com equipes militares espalhadas pela região. Sharafat Zaman, porta-voz do Ministério da Saúde em Cabul, fez um apelo por ajuda internacional: “Precisamos de ajuda porque aqui muitas pessoas perderam suas vidas e casas”.
Este é o terceiro grande terremoto mortal no Afeganistão desde que o Taliban assumiu o poder em 2021, após a retirada das forças estrangeiras, que resultou em cortes drásticos no financiamento internacional, essencial para as finanças do governo. A ajuda humanitária caiu de US$ 3,8 bilhões em 2022 para US$ 767 milhões em 2025, segundo agências humanitárias, que descrevem a situação como uma “crise esquecida”. A ONU estima que mais da metade da população afegã necessita urgentemente de assistência. Um terremoto anterior, de magnitude 6,1 em 2022, matou mil pessoas na mesma região.
A falta de apoio externo foi destacada pelo Ministério das Relações Exteriores do Afeganistão: “Até o momento, nenhum governo estrangeiro entrou em contato para fornecer apoio ao trabalho de resgate ou socorro”. A China, no entanto, sinalizou estar pronta para oferecer assistência “de acordo com as necessidades do Afeganistão e dentro de sua capacidade”, segundo um porta-voz de seu Ministério das Relações Exteriores. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em um post no X que a missão da organização no Afeganistão está se mobilizando para ajudar as áreas devastadas.
Diplomatas e trabalhadores humanitários apontam que crises globais e a frustração de doadores com as políticas do Taliban, especialmente restrições às mulheres no setor de ajuda, contribuíram para a redução do financiamento. A situação agrava os desafios do país, que enfrenta não apenas os impactos do terremoto, mas também crises humanitárias prolongadas em um contexto de guerra e instabilidade.
Com informações da Agência Brasil.