Uma greve geral promovida por sindicatos italianos em protesto contra a interceptação da flotilha humanitária “Global Sumud” por Israel impactou os transportes nas principais cidades da Itália nesta sexta-feira (3). Trens foram cancelados ou sofreram atrasos de mais de uma hora, e a companhia ferroviária Trenitalia informou que os efeitos da paralisação serão sentidos até as 20h59 de hoje. Em Milão e outras cidades, também houve perturbações no trânsito rodoviário.
Cerca de 10 mil pessoas se reuniram pelo segundo dia consecutivo próximo ao Coliseu, em Roma, após uma concentração na estação de transportes de Termini. O dirigente do sindicato CGIL, Maurizio Landini, destacou a mobilização em entrevista à Radio Anch’io: “Não há lugares vazios. Isso demonstra a humanidade e a determinação das pessoas honestas que querem pôr fim ao genocídio e veem que os governos e os Estados fingem não ver ou são mesmo cúmplices com o que se passa em Gaza”. O vice-primeiro-ministro e ministro dos Transportes, Matteo Salvini, lamentou os transtornos, afirmando que “hoje, um milhão de italianos vão ficar parados nas estações”.
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Os protestos têm como pano de fundo a detenção, por forças israelenses, de membros da flotilha humanitária com destino a Gaza, incluindo 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 11 brasileiros, 10 franceses, quatro portugueses, além de cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre outros. Segundo a legislação israelense, os detidos podem ser deportados 72 horas após a emissão da ordem ou aceitar a expulsão voluntária, como fizeram quatro dos 12 ativistas de uma embarcação interceptada em junho.
Nessa quinta-feira (2), manifestações pró-palestinas também ocorreram em Portugal. Em Lisboa, manifestantes se concentraram próximo ao Museu de Design (Mude), onde ocorria um encontro, e em frente à embaixada de Israel. No Porto, mais de mil pessoas protestaram contra a detenção dos ativistas da flotilha.
A mobilização reflete a indignação com a ofensiva militar israelense iniciada em 16 de setembro contra a cidade de Gaza, que Israel justifica como uma ação para eliminar o último reduto do grupo islâmico palestino Hamas, responsável pelo ataque que matou cerca de 1.200 pessoas em Israel em 2023. A operação resultou no deslocamento forçado de mais de um milhão de pessoas para o sul da Faixa de Gaza e causou dezenas de mortes diárias, muitas de civis, incluindo mulheres e crianças. De acordo com dados do Hamas, o conflito já vitimou mais de 66 mil palestinos.
Com informações da Agência Brasil.