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Lula volta a criticar guerra em Gaza e defender criação do Estado palestino
Termômetro da Política
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Durante a cerimônia de recebimento do título de doutor Honoris Causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global, concedido pela Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya, neste sábado (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar a guerra em Gaza e a inércia global na criação de um Estado palestino.

Lula classificou desinteresse internacional na defesa de um Estado palestino como "inércia moral"
Lula classificou desinteresse internacional na defesa de um Estado palestino como “inércia moral” (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

“As comunidades universitárias em todo o mundo têm elevado suas vozes contra a brutalidade do genocídio em Gaza e contra a inércia moral que impede até hoje que o Estado Palestino seja criado. Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade”, afirmou.

Lula também criticou o protecionismo econômico e a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC), que, segundo ele, geram “uma situação de assimetria insustentável para o Sul Global”. Ele destacou que “é a hora de interromper os mecanismos que sustentam há séculos o financiamento do mundo desenvolvido às custas das economias emergentes em desenvolvimento”.

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No campo econômico, o presidente considerou inaceitável a desproporção no Fundo Monetário Internacional (FMI), onde países ricos têm nove vezes mais poder de voto do que o Sul Global, grupo que inclui países da América Latina, Ásia e África com histórico de colonialismo e desigualdades.

Lula defendeu que a estrutura financeira mundial deve priorizar o desenvolvimento sustentável das nações emergentes, criticando o modelo neoliberal: “Não podemos vislumbrar um mundo diferente sem questionar um modelo neoliberal que aprofunda desigualdades: 3 mil bilionários ganharam U$ 6,5 trilhões, desde 2015. Esta cifra supera o PIB nominal atual da Asean [Associação de Nações do Sudeste Asiático] e do Brasil somados.”

Multilateralismo e reforma da ONU

Ao abordar a necessidade de mudanças nos organismos internacionais, Lula destacou o papel do Sul Global na busca por justiça e superação das desigualdades. Ele defendeu o multilateralismo e uma reforma nas Nações Unidas, afirmando que “a defesa de uma ordem baseada no diálogo na diplomacia e na igualdade soberana das nações está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas, que sem maior representatividade o Conselho de Segurança seguirá inoperante e incapaz de responder aos desafios do nosso tempo.”

Sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que aumentou em 50% as tarifas de importação sobre produtos brasileiros em agosto, Lula criticou o uso de tarifas comerciais como “mecanismos de coerção internacional”. “Nações que não se dobram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”, declarou.

Agenda na Malásia

Lula permanecerá na Malásia até terça-feira (28), participando de um encontro com empresários da Malásia e da Asean, bloco que reúne países do Sudeste Asiático. Neste domingo (26), ele deve se reunir com Donald Trump para discutir uma solução para as tarifas impostas aos produtos brasileiros pelos Estados Unidos.

Fonte: Agência Brasil

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