O incêndio que atingiu a Blue Zone da COP30 na noite desta quinta-feira (20) intensificou a indisposição entre o governo federal e a Organização das Nações Unidas (ONU), responsável pela gestão de acesso à área mais restrita da conferência climática. Nos bastidores do Palácio do Planalto, emissários alertavam, sob reserva, que as evidências iniciais indicavam responsabilidade da ONU no incidente. O órgão teria permitido que representantes do pavilhão da Comunidade da África Oriental entrassem na Blue Zone carregando um forno micro-ondas incompatível com a rede elétrica local – equipamento apontado como um dos focos do fogo.

É a ONU quem realiza toda a triagem dos credenciados para o acesso à Blue Zone. Outra hipótese aventada é uma falha em gerador, mas a linha principal de investigação concentra-se no micro-ondas que não deveria ter sido autorizado.
O clima de desconfiança já vinha se agravando desde a semana passada, quando manifestantes brasileiros invadiram a área. O protesto começou em zona sob responsabilidade do governo estadual, atravessou espaço federal e terminou em confronto com seguranças da ONU na entrada da Blue Zone, gerando troca de acusações nos corredores do evento.
O episódio motivou a ONU a enviar, na quarta-feira, uma carta formal ao governo brasileiro cobrando melhorias nas instalações da COP. O documento listava reclamações recebidas de delegações sobre refrigeração insuficiente, vazamentos, inundações, falta de água e problemas de segurança.
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Do lado brasileiro, a percepção é de que a ONU novamente se precipita ao atribuir ao governo falhas que seriam de sua própria competência – padrão que, segundo fontes palacianas, se repetiu tanto na invasão quanto no incêndio.
Por isso, a Polícia Federal abriu investigação preliminar de forma célere, priorizando a apuração sobre o micro-ondas irregular. A expectativa do governo é que o inquérito comprove falha da ONU, e não defeito no projeto ou na estrutura física do local.
A construção da Blue Zone e da Green Zone foi executada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), contratada pela Casa Civil, que subcontratou a empresa DMDL para erguer a estrutura da Blue Zone.
Durante o sinistro, chamou atenção a ausência de protocolos básicos de evacuação: não houve acionamento de sirenes, mapas de saída visíveis ou avisos pelos auto-falantes.
Procuradas pela reportagem, nem a OEI nem a DMDL se manifestaram sobre o incêndio.
Com informações da CNN.