O Departamento de Justiça dos EUA liberou nesta sexta-feira (19) o primeiro conjunto de documentos do caso Jeffrey Epstein, incluindo fotos, vídeos e relatórios de investigação. Os materiais, que somam mais de 300 gigabytes de dados, foram tornados públicos após aprovação congressional em novembro de uma lei que exigia a divulgação integral até esta data.
Diversas personalidades aparecem nas imagens e documentos, como o ex-presidente Bill Clinton, os músicos Mick Jagger e Michael Jackson, além de Andrew Mountbatten-Windsor, ex-príncipe Andrew. Ser mencionado ou fotografado nos arquivos não implica irregularidade, e muitas das figuras citadas negaram qualquer envolvimento nos crimes de Epstein.

Várias fotos mostram Clinton, incluindo uma nadando em piscina e outra deitado de costas com mãos atrás da cabeça em uma banheira de hidromassagem. As imagens foram tiradas nos anos 1990 e início dos 2000, antes da primeira condenação de Epstein. Clinton nunca foi acusado por vítimas e nega conhecimento dos crimes sexuais.
Um porta-voz de Clinton reagiu às divulgações: “Eles podem divulgar quantas fotos granuladas de mais de 20 anos quiserem, mas isso não tem a ver com Bill Clinton. Nunca teve, nunca terá”, escreveu Angel Ureña nas redes sociais.
“Existem dois tipos de pessoas aqui. O primeiro grupo não sabia de nada e cortou relações com Epstein antes que seus crimes viessem à tona. O segundo grupo continuou o relacionamento com ele depois.”
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“Nós estamos no primeiro grupo. Nenhuma manobra de protelação por parte das pessoas do segundo grupo mudará isso.”
A porta-voz acrescentou que todos, especialmente apoiadores do presidente Donald Trump, “esperam respostas, não bodes expiatórios.”
“Isso não tem nada a ver com Bill Clinton. Nunca teve, nunca terá”, reiterou.
O presidente Trump também é citado em documentos, que descrevem Epstein apresentando uma menina de 14 anos a ele em Mar-a-Lago nos anos 1990. Epstein teria cutucado Trump e dito, em tom de brincadeira, sobre a menina: “Essa é boa, né?”. Trump sorriu e assentiu, segundo o relato, e ambos riram. A vítima, aliciada por Epstein, não acusa Trump no processo.
Trump aparece em poucas menções e fotos, com participação mínima. Ele admitiu amizade antiga com Epstein, mas disse que romperam por volta de 2004, antes da primeira prisão, e sempre negou irregularidades.
Uma imagem mostra Andrew Mountbatten-Windsor deitado sobre cinco pessoas com rostos ocultados, com Ghislaine Maxwell em pé atrás. Andrew nega irregularidades e afirma não ter “visto, testemunhou ou suspeitou de qualquer comportamento do tipo que posteriormente levou à sua prisão e condenação”.
Outras fotos incluem Michael Jackson com Epstein, Jackson posando com Clinton e Diana Ross, Mick Jagger em traje formal com Clinton e uma mulher de rosto ocultado, e o ator Chris Tucker ao lado de Clinton em jantar ou na pista de aeroporto com Maxwell.
Uma foto isolada mostra Maxwell sozinha em frente ao número 10 de Downing Street, sem contexto sobre data ou motivo.
Entre os relatos, Maria Farmer, artista que trabalhou para Epstein, denunciou em 1996 que ele roubou fotos de suas irmãs menores e ameaçou incendiar sua casa se ela contasse. “Epstein agora está ameaçando [informação omitida] que, se ela contar a alguém sobre as fotos, ele incendiará sua casa”, diz o depoimento. Farmer se sente “redimida” após quase 30 anos.
Muitos documentos estão censurados, e o vice-procurador-geral Todd Blanche informou que “centenas de milhares” de páginas foram revisadas para proteger vítimas, com mais divulgações nas próximas semanas.
Democratas e republicanos criticam atrasos, com ameaças de medidas contra o DOJ por não cumprir integralmente a lei.
Com informações da BBC.