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Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, é preso pela Polícia Federal
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta quarta-feira (18) a prisão de Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro e um dos acusados no inquérito sobre atos golpistas. A decisão foi tomada após Câmara violar medida cautelar que o proibia de acessar redes sociais – inclusive por meio de intermediação de advogados. O caso veio à tona após o advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, informar ao STF na terça-feira (17) que seu cliente manteve contato, via redes sociais, com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. De acordo com o STF, a Polícia Federal (PF) já cumpriu o mandado de prisão.

Decisão foi tomada após Marcelo Câmara violar medida cautelar que o proibia de acessar redes sociais (Foto: Reprodução)

A interação entre os dois, conforme relatado à Corte, configurou descumprimento das restrições impostas pelo ministro. Moraes considerou a conduta como violação das condições estabelecidas no processo e decretou a prisão do ex-assessor presidencial.

“As condutas noticiadas indicam que o réu e seu procurador tentaram obter os dados sigilosos relativos ao acordo de colaboração premiada, por meio de conversas realizadas pelo Instagram e por meio de contatos pessoais na Sociedade Hípica de Brasília, no período em que o réu Marcelo Costa Camara estava preso [primeira prisão]”, afirmou Moraes.

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Na decisão, Moraes disse que o defensor “transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado”  e considerou “gravíssima” a possível tentativa de obstrução da investigação da trama golpista.

O ministro também determinou a abertura de um inquérito para investigar o advogado e o réu.

Anulação

A prisão de Marcelo Câmara ocorre após o advogado dele trocar mensagens com Mauro Cid e pedir ao STF a anulação da delação do ex-ajudante de ordens.

Kuntz afirmou que foi procurado por Cid no dia 29 de janeiro de 2023, por meio do perfil Gabrielar702, no Instagram, disse que já conhecia o militar e aceitou conversar com ele porque achou que tratava-se um uma possível contratação de seus serviços.

Para confirmar que se tratava do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o defensor pediu que Cid enviasse uma foto.

Ao reconhecer o militar, a conversa se desenrolou, e o advogado passou a perguntar se houve pressão para delatar e se os depoimentos foram gravados.

Segundo Kuntz, Mauro Cid aproveitou para “desabafar” sobre os depoimentos de delação prestados à Polícia Federal.

Em uma das conversas, Cid disse ao advogado que os investigadores da PF queriam “colocar palavras na boca dele”.  Segundo o militar, os delegados buscavam que ele falasse a palavra golpe .

“Várias vezes eles queriam colocar palavras na minha boca. E eu pedia para trocar. Foram três dias seguidos. Um deles foi naquele grande depoimento sobre as joias. Acho que foram cinco anexos. Eles toda hora queriam jogar para o lado do golpe. E eu falava para trocar porque não era aquilo que tinha dito. E eu fui bem claro lá. PR [Bolsonaro] não iria dar golpe nenhum. Queria sempre me conduzir a falar a palavra golpe. Tanto que tive o cuidado de não usar essa palavra”, afirmou.

No entendimento de Eduardo Kuntz, a fala de Mauro Cid revela que os depoimentos de delação não foram voluntários e devem ser anulados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista.

Interrogatório

Na semana passada, ao ser interrogado por Alexandre de Moares, Mauro Cid foi perguntado pela defesa de Jair Bolsonaro se tinha conhecimento sobre os perfis @gabrielar702 e Gabriela R, no Instagram, que são identificados com mesmo nome da esposa do militar, Gabriela Cid.

Ele respondeu que não sabia se o perfil era de sua esposa e afirmou que não usou redes sociais para se comunicar com outros investigados.

Os advogados do ex-presidente levantaram a suspeita de que Cid usou o perfil para vazar informações de seus depoimentos de delação. 

Fonte: Agência Brasil

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