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PF revela que Abin Paralela monitorou homônimo de Alexandre de Moraes por engano
Termômetro da Política
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A estrutura de espionagem ilegal montada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro (PL) acabou monitorando por equívoco uma pessoa com o mesmo nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A informação está no relatório final da Polícia Federal (PF) sobre o caso “Abin Paralela”, que teve seu sigilo quebrado nessa quarta-feira (18) pelo próprio Moraes, responsável pela investigação.

(Foto: Antonio Augusto/STF)

O documento aponta que cerca de 30 pessoas foram indiciadas, incluindo Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. Segundo as conclusões da PF, Bolsonaro e seu filho integraram uma organização criminosa que comandava operações de vigilância clandestina contra adversários políticos.

A investigação detalha que o monitoramento do homônimo do ministro ocorreu devido a um erro de identificação no esquema de espionagem. O relatório não indica que Moraes tenha sido alvo direto da operação irregular.

O caso “Abin Paralela” continua em tramitação no STF, onde o ex-presidente já responde por outras acusações relacionadas ao uso irregular da agência de inteligência.

O ex-presidente não foi indiciado porque responde às acusações sobre o uso clandestino da Abin na ação penal da trama golpista, que tramita no STF.

Erro

De acordo com o relatório, o agente de inteligência Thiago Gomes Quinalia fez três pesquisas pelo nome de Alexandre de Moraes Soares por meio do sistema de monitoramento Firstmile. A procura foi feita no dia 19 de maio de 2019.

Na avaliação dos investigadores da PF, a busca por um homônimo do ministro foi um erro cometido pelo esquema.

“A utilização de sistemas ilegítimos de consulta, como demonstrado acima, resultava, por vezes, em números de terminais telefônicos erroneamente associados a alvos. A pesquisa no sistema First Mile por homônimo é erro passível de ter sido cometido”, diz o relatório.

De acordo com as investigações, foram monitorados ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes, os ex-deputados Jean Willys, Rodrigo Maia, Joyce Hasselmann, o ex-governador de São Paulo João Dória e os jornalistas Leandro Demori e Mônica Bergamo.

Conforme o relatório, a época da pesquisa coincide com a abertura do inquérito das fake news no Supremo, que tem Moraes como relator e apura a difusão de desinformação durante o governo Bolsonaro.

“O marco temporal da pesquisa é compatível com a instauração do inquérito 4.781, em março de 2019, pelo então presidente do STF, Dias Toffoli. Em 14/05/2019, houve a disponibilização para julgamento de recurso para suspender a apuração”, afirmam os investigadores.

O agente responsável pela busca abandonou o cargo público, e não há informações sobre o paradeiro dele. No ano passado, ele foi demitido do serviço público.

Defesa

Após as conclusões da PF, Carlos Bolsonaro foi às redes sociais e insinuou que o indiciamento tem motivação política.

“Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, declarou.

Fonte: Agência Brasil

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