Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (24), o tenente-coronel Mauro Cid manteve todas as declarações prestadas em sua delação premiada, que envolvem o general Walter Braga Netto em uma suposta articulação golpista durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid negou ter sido coagido pela Polícia Federal para colaborar com as investigações.
A reafirmação ocorreu durante uma acareação entre Cid e Braga Netto, realizada no âmbito da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado, com o objetivo de manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022.
Ambos, réus no processo e militares do Exército, ficaram frente a frente por mais de uma hora e meia na manhã desta terça, em sessão conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Apesar de a audiência ter sido realizada a portas fechadas, por decisão de Moraes, o STF divulgou a ata do encontro. Estiveram presentes os advogados de defesa dos dois acusados, o procurador-geral da República, Paulo Gonet – responsável pela denúncia sobre o suposto golpe –, e representantes legais dos outros seis réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Não houve registro em vídeo ou áudio da sessão.
O procedimento foi realizado a pedido da defesa de Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro, e que acusa Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente e delator do complô golpista, de mentir em seus depoimentos. Os dois são réus na ação penal. Pela legislação, é direito do réu pedir a acareação com outro acusado ou com alguma testemunha. A ideia é que versões conflitantes e contradições possam ser colocadas em confronto diante do juiz responsável pelo caso, que pode fazer perguntas aos acareados. Questionados por Moraes nesta terça, ambos mantiveram suas versões inalteradas.
Braga Netto está preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de obstruir a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado e tentar obter detalhes dos depoimentos de delação de Cid.
Logo em seguida à acareação de Cid e Braga Netto teve início uma segunda, em que foram colocados frente a frente Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes. A audiência durou cerca de uma hora.
A defesa de Torres que pediu a acareação, justificando o procedimento com a necessidade de esclarecer pontos “nevrálgicos” sobre o depoimento de Freire Gomes, que não é réu, mas figura como uma das principais testemunhas no processo.
Fonte: Agência Brasil