Justiça - -
STF forma maioria para manter medidas restritivas contra Bolsonaro
Termômetro da Política
Compartilhe:

Em sessão realizada nesta sexta-feira (18), a maioria dos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter as medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. Até o momento, votaram a favor da manutenção das restrições os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino, além do próprio Moraes.

Medidas cautelares em análise estão diretamente vinculadas às investigações sobre possível obstrução de Justiça e coação por parte de Bolsonaro no curso do processo relativo ao plano golpista
Medidas cautelares em análise estão diretamente vinculadas às investigações sobre possível obstrução de Justiça e coação por parte de Bolsonaro no curso do processo relativo ao plano golpista (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Os ministros Cármen Lúcia e Luiz Fux têm prazo até as 23h59 da próxima segunda-feira (21) para registrar seus votos. A Primeira Turma do STF é o colegiado responsável pelo julgamento da ação penal que apura o crime de golpe de Estado, na qual Bolsonaro foi indiciado como principal acusado após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Leia também
Jair Bolsonaro é alvo de operação da PF; ex-presidente terá que usar tornozeleira eletrônica

As medidas cautelares em análise estão diretamente vinculadas às investigações sobre possível obstrução de Justiça e coação no curso do processo relativo ao plano golpista. Na ação penal, Bolsonaro figura como réu principal, sendo apontado pela PGR como o líder da conspiração contra a ordem democrática.

A sessão de julgamento sobre as cautelares teve início ao meio-dia, poucas horas depois de a tornozeleira ter sido colocada em Bolsonaro. O ex-presidente foi levado, por volta das 10h desta sexta, até a Secretaria de Administração Penal do Distrito Federal para instalar o equipamento.

Moraes repetiu em seu voto a íntegra da liminar (decisão provisória) em que determinou as medidas cautelares. Além do uso da tornozeleira eletrônica, o ministro impôs a Bolsonaro o recolhimento noturno, entre 19h e 6h, bem como aos fins de semana.

Pela decisão, agora mantida pela maioria da Primeira Turma, Bolsonaro está ainda proibido de se ausentar da comarca do Distrito Federal, não pode se comunicar com seu filho Eduardo Bolsonaro, também investigado, ou com embaixadores e diplomatas de outros países. O ex-presidente não pode se aproximar de embaixadas.

As medidas têm como justificativa o risco de fuga apontado pela Polícia Federal (PF) e pela PGR, bem como para impedir que Bolsonaro continue a atuar em prol de sanções de outros países a autoridades brasileiras.

Decisão

Em sua decisão, Moraes escreveu que Bolsonaro e Eduardo praticam uma “confissão flagrante” dos crimes de coação no curso do processo e obstrução de Justiça ao trabalharem para que o governo dos Estados Unidos aplique sanções contra autoridades brasileiras e o próprio país. Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato de deputado federal e foi morar nos EUA, sob a alegação de perseguição política. A licença termina no próximo domingo (20).

O ministro Alexandre de Moraes citou ainda os possíveis crimes de tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito e de ataque à soberania nacional, diante da conduta de Bolsonaro e do filho de condicionarem o arquivamento do processo sobre o golpe à retirada de taxas impostas pelos EUA sobre todos os produtos importados do Brasil.

Neste mês, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a taxação de 50% sobre produtos brasileiros. Entre as justificativas, ele citou o que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro e aliados, devido ao processo em que o ex-presidente é julgado por golpe de Estado.

Coação esdrúxula

Ao votar por manter na íntegra a decisão de Moraes, o ministro Flávio Dino escreveu que a coação contra a Justiça praticada por Bolsonaro e filho “assume uma forma inédita: o ‘sequestro’ da economia de uma Nação, ameaçando empresas e empregos, visando exigir que o Supremo Tribunal Federal pague o ‘resgate’, arquivando um processo judicial instaurado a pedido da Procuradoria-Geral da República, sob a regência exclusiva das leis brasileiras”.

Dino acrescentou que “esse ‘sequestro’ certamente merecerá muitos estudos acadêmicos, inclusive nas Universidades dos Estados Unidos, por seu caráter absolutamente esdrúxulo”.

Defesa

Logo após ter a tornozeleira eletrônica instalada, na Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, Bolsonaro parou para falar com jornalistas e disse que o objetivo da medida imposta por Moraes seria promover sua “suprema humilhação”. Ele negou qualquer plano de sair do país para fugir de eventual condenação.

Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que “recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário”.

Fonte: Agência Brasil

Compartilhe:
Palavras-chave
jair bolsonarostf