O governo federal deflagrou nesta quinta-feira (28) a Operação Carbono Oculta, considerada a maior ação da história do Brasil contra o crime organizado, mirando a estrutura financeira do Primeiro Comando da Capital (PCC). Coordenada pela Polícia Federal (PF), com apoio da Receita Federal, do Ministério Público e de polícias estaduais, a operação mobilizou mais de 1.300 policiais em dez estados, resultando na prisão de lideranças, apreensão de bens e sequestro de imóveis e automóveis ligados à facção.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a ação como um marco. “É a maior ação da história do Brasil e inaugura uma forma nova de trabalhar. Estamos falando de um ano ou dois de trabalho, que começou em 2023. Mas os resultados vieram rápido, se a gente for levar em conta o grau de sofisticação da organização criminosa. É uma nova forma de trabalhar que está trazendo muita esperança para o governo brasileiro”, afirmou em coletiva de imprensa ao lado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
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A investigação revelou que o PCC movimentou R$ 52 bilhões em quatro anos por meio de 21 fundos de investimento, cujos recursos, totalizando R$ 1 bilhão, foram bloqueados pela Receita Federal nesta quinta-feira. Segundo a PF, as administradoras desses fundos sabiam da origem ilícita do dinheiro, participando de um esquema de lavagem de capitais e sonegação fiscal. “Nós estamos falando de uma operação que contou com a investigação da PF e a fiscalização da Receita Federal. A fiscalização da Receita tem de ser colocada à disposição dos órgãos de combate ao crime organizado. A fiscalização da Receita permite que a gente possa decifrar os caminhos do dinheiro. São muitas camadas. Para chegar no patrimônio do criminoso, é necessário o trabalho dos auditores fiscais”, destacou Haddad.
Iniciada em 2023, a investigação da PF revelou a vasta rede de operações do PCC, que incluía 1 mil postos de combustíveis em todo o país, 4 usinas produtoras de álcool e participação em outras duas, uma frota de 1.600 caminhões, 6 fazendas avaliadas em R$ 31 milhões, mais de 100 imóveis e 1.500 automóveis sequestrados. A operação identificou ainda que pelo menos 32 empresas sediadas na Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, eram usadas para lavar e operar dinheiro de atividades ilegais.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou a ação como uma das maiores contra o crime organizado no mundo, destacando o empenho do governo Lula. “A apropriação das organizações criminosas ao setor de combustíveis e a sua ligação com o setor financeiro e a lavagem de dinheiro. Com toda certeza é uma das maiores operações do estado brasileiro e ousaria dizer, uma das maiores operações a nível mundial. Uma operação desta envergadura só pode ser levada a cabo pelo governo do Brasil. O crime organizado não é mais local, não é apenas nacional, mas inclusive global. Portanto, somente uma visão macro, do governo brasileira, que se espalha pelos estados do Brasil, poderia permitir essa operação”, afirmou.
Lewandowski também destacou a criação do Núcleo de Combate ao Crime Organizado, estabelecido em 5 de fevereiro de 2025, que reúne o Ministério da Justiça, PF, PRF, Ministério de Minas e Energia, Cade, Receita Federal e Coaf. “No dia 5 de fevereiro de 2025, fizemos a primeira reunião deste núcleo de Combate ao Crime organizado, não apenas com integrantes do MJ, mas da PF, PRF, Ministério de Minas e Energia, Cade, Receita e Coaf. Resolvemos em um primeiro momento focar nossas atenções na apropriação do crime organizado no setor de combustíveis. Futuramente atacaremos outros problemas de forma setorizada”, completou. A Operação Carbono Oculta representa um avanço significativo no combate ao crime organizado, com impactos esperados na segurança pública e na estabilidade econômica do país.
Com informações do PT.