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Defesa de Silvinei Vasques alega ameaças na Papuda e solicita prisão em SC ou na Papudinha
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O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, detido na sexta-feira (26) no Paraguai durante uma tentativa de fuga, segue transferido para Brasília neste sábado (27), onde passará por audiência de custódia. Ele deixou Foz do Iguaçu na manhã de hoje, com previsão de desembarque na capital federal por volta das 12h30, para então conhecer o local onde cumprirá a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Defesa de Silvinei Vasques alega que o Complexo Penitenciário da Papuda não oferece segurança adequada
Defesa de Silvinei Vasques alega que o Complexo Penitenciário da Papuda não oferece segurança adequada (Foto: Reprodução/Globo News)

A defesa do ex-dirigente, representada pelo advogado Anderson Rodrigues de Almeida, protocolou nesta data um pedido formal dirigido ao ministro Moraes, solicitando que a custódia seja cumprida no estado de Santa Catarina — preferencialmente nos municípios de São José ou Florianópolis — ou, alternativamente, na unidade conhecida como “Papudinha”, um prédio militar no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Segundo a petição, o Complexo Penitenciário da Papuda não oferece segurança adequada para Silvinei Vasques. “Durante o período aproximado de um ano em que o requerente permaneceu preso preventivamente na Penitenciária da Papuda, foram registradas intercorrências consistentes em assédio e ameaças no ambiente prisional, ainda que administradas pela autoridade penitenciária”, alega a defesa.

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A argumentação em favor da custódia em Santa Catarina destaca os fortes vínculos do ex-diretor com o estado. “A manutenção da custódia em local compatível com os vínculos do custodiado também atende ao interesse da própria administração da Justiça, ao evitar deslocamentos interestaduais reiterados, operações de escolta de maior complexidade e riscos desnecessários associados à logística de transporte de pessoa amplamente exposta”, argumenta o advogado Anderson Rodrigues de Almeida. A defesa considera essa opção a “medida adequada”, pois Silvinei possui vínculos familiares, sociais e profissionais consolidados na região, o que contribuiria para a preservação de sua integridade física e psíquica.

Como alternativa, caso o ministro entenda indispensável manter a prisão em Brasília, os advogados pedem a transferência para a “Papudinha”. “Ex-agentes de segurança pública e militares, quando custodiados em estabelecimentos prisionais comuns, estão sujeitos a riscos objetivos acrescidos”, acrescenta a defesa.

Silvinei Vasques foi preso no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, ao tentar embarcar em voo com destino a El Salvador, utilizando documentos falsificados. A captura ocorreu após a Polícia Federal identificar falha no sinal da tornozeleira eletrônica na madrugada do dia 25 de dezembro (Natal), seguida de diligência que constatou sua ausência no endereço residencial. O ministro Alexandre de Moraes foi comunicado e decretou a prisão preventiva. A Polícia Nacional do Paraguai agiu em cooperação com o Comando Tripartite (mecanismo de inteligência entre Brasil, Argentina e Paraguai), confirmou a identidade do ex-diretor e procedeu com a entrega às autoridades brasileiras na fronteira.

O ex-diretor-geral da PRF foi condenado em 16 de dezembro pelo STF a 24 anos e seis meses de prisão, no âmbito do núcleo 2 da trama golpista, pelos crimes de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Mesmo condenado, os prazos para embargos da defesa ainda não se esgotaram, razão pela qual a pena em regime fechado ainda não era executada até o momento da tentativa de fuga.

Silvinei Vasques é o terceiro condenado nesse contexto a tentar escapar da Justiça. Anteriormente, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso em 22 de novembro após tentativa de romper a tornozeleira eletrônica durante prisão domiciliar, enquanto o deputado federal Alexandre Ramagem viajou aos Estados Unidos e é considerado foragido, sem uso de monitoramento eletrônico.

A defesa nega que Vasques tenha atuado para barrar o deslocamento de eleitores no segundo turno das eleições de 2022, atribuindo a condenação a uma “tempestade midiática” e a notícias falsas nas redes sociais. O ex-diretor já havia sido preso preventivamente na Papuda em agosto de 2023, por determinação de Alexandre de Moraes, que considerou risco de coação a testemunhas. Posteriormente, foi liberado com medidas cautelares, incluindo tornozeleira eletrônica.

Em janeiro de 2025, Vasques assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação na Prefeitura de São José (SC), cargo do qual pediu exoneração após a condenação no STF. Agora, com a transferência para Brasília e a audiência de custódia em andamento, a decisão sobre o local definitivo de custódia cabe ao ministro Alexandre de Moraes, que ainda não se manifestou sobre o pedido da defesa.

Com informações do portal UOL.

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