Em cerimônia realizada neste domingo (1), durante o encerramento do 16º Congresso Nacional do PSB, em Brasília, o prefeito do Recife, João Campos, foi aclamado como novo presidente nacional do partido. Ele assume o lugar de Carlos Siqueira, que esteve à frente da legenda por mais de dez anos.
O evento contou com a presença de importantes figuras políticas, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos). Em seu discurso, Campos agradeceu à militância do PSB e reforçou seu compromisso com a renovação política, a coesão partidária e a defesa dos princípios históricos do socialismo brasileiro.
Campos ressaltou que a presidência do PSB não representa uma ruptura, mas a continuidade de uma trajetória que tem raízes no legado de Miguel Arraes e Eduardo Campos. “É impossível estar aqui no dia de hoje e não lembrar de há exatos 20 anos. Eu tinha de 11 para 12 anos de idade quando perdi meu bisavô, Miguel Arraes. Ainda não compreendia com clareza o que eram aqueles movimentos, mas vi meu pai cuidando de construir um projeto para o estado de Pernambuco que foi vitorioso no ano seguinte e um projeto vitorioso no PSB quando ele assumiu a presidência nacional do partido”, relembrou.
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Também estiveram presentes os líderes do PSB na Câmara e no Senado, Pedro Campos e Cid Gomes, respectivamente, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, além de parlamentares e lideranças de outros partidos.
Sob os gritos da plateia “Brasil, pra frente, João presidente!”, o prefeito do Recife reforçou que o país atravessa um tempo diferente, em que surgiram “maiorias que antes não existiam”, o que impõe novos desafios à atuação dos partidos, especialmente aos socialistas, como a capacidade de entender e dialogar com a nova realidade.
“A gente vive diante de um Brasil novo, de um tempo diferente, de um tempo onde a gente tem maiorias que não existiam antigamente. Seja no campo do empreendedorismo, seja na mistura das religiões e profissões de fé e na fragmentação do cristianismo. Isso tem implicado na vida política. E isso cobrará dos partidos a capacidade de escutar, de sentir e de reproduzir isso nos espaços de poder, nos mandatos e na vida partidária. Isso cobrará muito”, enfatizou.
Com mais de 80 anos de história, o PSB foi forjado na resistência à ditadura, sobreviveu à clandestinidade e foi refundado por grandes nomes da política nacional, como Antônio Houaiss, Miguel Arraes e João Mangabeira, herança que dá a legitimidade e a força para que o PSB siga relevante no século 21, disse Campos. “É o partido que vai manter a sua essência programática, mas que vai crescer também nas urnas, nas bancadas, nos parlamentos, nas prefeituras, nas termas do empreendedorismo. Fazendo o dever de casa que a gente sabe fazer”, disse Campos, citando gestões socialistas bem-sucedidas e que exportaram políticas públicas para o Brasil e para o mundo.
“Então, nós vamos fazer o dever de casa. E aí, minha gente, eu queria dizer a vocês que essa é a hora de poder ir mais longe. É a hora de fazer esse dever de casa e compartilhar. Não tem como vencer nesse jogo se não for um jogo coletivo. Um jogo de unidade. Um jogo de parceria”, declarou.
Reconhecendo a responsabilidade de assumir o cargo de liderança nacional, João Campos afirmou que a presidência de um partido, especialmente em tempos difíceis, pode parecer uma tarefa solitária. No entanto, destacou que essa jornada não será construída sozinho, já que o PSB é um partido vivo, presente e atuante nos 27 estados brasileiros. “Um time desse tamanho nos dá força e esperança. Eu vou estar pronto para ajudar todos vocês. Mas eu queria aqui pedir ajuda de cada um e cada uma. Quero ajuda para tomar conta do PSB”, declarou, destacando o exemplo de liderança de Carlos Siqueira. “Se tinha algo que nos dava tranquilidade era saber a lealdade que o presidente Siqueira tem ao PSB e tem ao nosso país. Um líder partidário precisa ter essa lealdade ao seu país e ao seu partido. E ter a capacidade de tomar decisões que representem o sentimento do seu colegiado”, exaltou.
Campos agradeceu a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encerramento do congresso, classificando o momento como histórico ao lado de uma liderança que, segundo suas palavras, “não tem igual no mundo democrático”. “Ele nos honra com a sua presença no dia de hoje em nosso Congresso é algo que tem que ser registrado. O nosso compromisso democrático vai além de eleição em eleição. O PSB foi decisivo pra construção da vitória em 2022 com a aliança de Lula e de Alckmin, de Alckmin e de Lula”, disse, reiterando que o partido seguirá ao lado do petista nas próximas eleições e continuará sustentando a chapa vitoriosa de 2022, com Alckmin vice-presidente.
O presidente do PSB destacou ainda que muitas responsabilidades chegaram cedo em sua vida, algumas sem sequer ter a oportunidade de escolher, mas sempre foram enfrentadas com “alegria, entusiasmo e humildade”. “Nós vamos fazer o dever de casa. E eu estou ciente do tamanho da tarefa, mas também tenho a convicção de que esse time todo aqui vai dar conta do desafio de cuidar do PSB”, declarou. “Nós vamos fazer o dever de casa com alegria e com entusiasmo. Com alegria, mas com a humildade de poder ouvir e construir conjuntamente. Nós vamos trabalhar muito”.
Relembrando conselhos que disse ter ouvido na infância do pai, Eduardo Campos, o prefeito do Recife defendeu ainda uma política mais humana, movida pela empatia e pelo compromisso com o bem comum, princípios que o orientaram não só na vida pessoal, mas na atuação pública, disse. “Eu lembro que meu pai dizia, meu filho sempre que puder ajudar alguém na vida, ajude. Não queira nada em troca, ajude. Sempre que puder fazer o bem, faça, que um dia, Deus vai lembrar disso. A gente precisa fazer disso, fazer o bem, fazer o que ensinou pra nós que somos cristãos, como eu sou, ou de outras religiões, como tantos aqui também são. Fazer a capacidade de olhar para o próximo, de querer para outro algo melhor do que para você mesmo”, rememorou.
“Lembrando da história e da memória de Eduardo, meu pai, eu queria dizer a vocês que eu quero dedicar minha vida ao partido, que eu estou pronto pra gastar o meu tempo, a minha energia. Porque eu não vou brincar em serviço. Vou me dedicar, vou cobrar, vou saber ser duro, como meu pai dizia. Mas também vou saber ser generoso, como o coração de uma mãe, pra atender o que é importante para o nosso partido. Eu conto com vocês. Vamos mostrar que o nosso partido está pronto pra colher uma grande frente política”, finalizou João Campos.
Além da aclamação de João Campos como novo presidente nacional do partido, o congresso do PSB também elegeu os novos membros do Diretório e da Executiva Nacional. Confira no documento a seguir:
Com informações do PSB.