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Morre aos 75 anos o ex-deputado e ex-conselheiro do TCE, Arthur Cunha Lima
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Arthur Cunha Lima foi aposentado compulsoriamente pelo TCE-PB (Foto: Divulgação/TCE-PB)

Morreu na tarde desta segunda-feira (9) aos 75 anos, em João Pessoa, o ex-deputado estadual paraibano e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), Arthur Cunha Lima. Ele vinha internado há mais de um mês em um hospital na capital paraibana.

Arthur Cunha Lima já presidiu a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) e chegou a exercer o cargo de governador da Paraíba logo após a cassação de seu primo, o ex-governador Cássio Cunha Lima. Ele foi afastado compulsoriamente do cargo de conselheiro do TCE-PB em 20 de dezembro de 2024.

O velório será realizado a partir das 22h desta segunda-feira (09), no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Paraíba. O sepultamento acontecerá nesta terça-feira (10), às 15h, no Cemitério Parque das Acácias, em João Pessoa.

Autoridades lamentam

O governador João Azevêdo (PSB) lamentou a morte e expressou condolências à família e amigos de Arthur Cunha Lima pela perda irreparável, pedindo a Deus que console a todos.

O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), lamentou e classificou Arthur como amigo. “Foi com grande pesar que recebi a triste notícia do falecimento do amigo e companheiro de várias batalhas ao longo da vida, o conselheiro Arthur Cunha Lima, nesta segunda-feira. Reconheço nele um exemplo de força e firmeza nas posições assumidas em toda a sua vida, seja na esfera pública ou particular. Ao tempo em que transmito o meu fraterno abraço, peço a Deus, que em seu infinito amor e misericórdia, dê o conforto eficaz aos familiares e amigos desse grande personagem do desenvolvimento de nossa amada Paraíba”, relatou Cícero Lucena.

O TCE-PB comunicou a morte com “profundo pesar” e expressou solidariedade à família: “O TCE-PB lamenta imensamente a perda de um de seus mais ilustres membros e expressa solidariedade aos familiares, amigos e a todos que conviveram com o conselheiro Arthur Cunha Lima ao longo de sua destacada trajetória pública e institucional. Conselheiros, auditores de controle externo, procuradores do Ministério Público de Contas, servidores, colaboradores e estagiários da Corte de Contas se unem neste momento de dor e despedida”.

Carreira

Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em 1982, Arthur iniciou sua trajetória profissional como advogado, integrando a banca do renomado Escritório de Advocacia Professor Diógenes da Cunha Lima, em Natal. Sua entrada na vida pública, no entanto, remonta à juventude, quando foi vice-presidente do Centro Estudantil de Campina Grande. Entre 1968 e 1970, atuou como escrevente no cartório de notas e registros Ivandro Cunha Lima, experiência que o conectou às raízes administrativas e jurídicas de sua cidade natal.

A ascensão de Arthur na política paraibana começou nos anos 1990, com uma série de cargos de destaque no governo estadual. Entre 1991 e 1996, ocupou a Secretaria de Administração do Estado da Paraíba, além de passagens pela Casa Civil (1994-1995) e pela Secretaria de Cidadania e Justiça (1996-1997). Também foi secretário-chefe do Escritório de Representação do Governo em Campina Grande (2005-2006) e integrou a administração municipal de João Pessoa como secretário de Administração (1997-1998). Essas posições consolidaram sua reputação como gestor experiente e articulador político.

Eleito deputado estadual por três mandatos consecutivos (1998, 2002 e 2006), Arthur Cunha Lima deixou sua marca na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB). Entre 2007 e 2010, presidiu a Casa, período em que liderou debates importantes e consolidou sua influência no legislativo estadual. Um dos momentos mais emblemáticos de sua carreira ocorreu em fevereiro de 2009, quando assumiu interinamente o governo da Paraíba após a cassação de seu primo, o então governador Cássio Cunha Lima (PSDB). A posse de Arthur como governador interino foi breve, mas simbólica, em meio a uma disputa judicial e política com José Maranhão (PMDB), que assumiu o cargo logo após.

A trajetória de Arthur Cunha Lima está intrinsecamente ligada à polarização política da Paraíba, especialmente à rivalidade entre os Cunha Lima, então ligados ao PSDB, e o grupo de José Maranhão, do PMDB. Essa divisão, que remonta a 1998, quando Cássio Cunha Lima deixou o PMDB para ingressar no PSDB, marcou o cenário político do estado. Em 2009, durante a posse de Maranhão como governador, Arthur, então presidente da ALPB, optou por não comparecer à cerimônia, delegando a tarefa ao vice-presidente da Casa, Ricardo Marcelo (PSDB). O gesto foi interpretado como um reflexo das tensões entre os dois grupos, que também se enfrentavam na mídia local.

Ainda em 2009, Arthur protagonizou um movimento jurídico ao ajuizar uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determinou a posse de Maranhão. A ação defendia que o substituto de Cássio deveria ser escolhido indiretamente pela Assembleia, com Arthur exercendo o governo interinamente até a eleição. A iniciativa, embora não tenha prosperado, destacou sua disposição para defender os interesses de seu grupo político em um momento de crise.

Arthur Cunha Lima foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba em 2010, cargo que ocupou até 2024, quando foi afastado compulsoriamente.

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