Na noite desta sexta-feira (8), o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), e o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), deputado Adriano Galdino (Republicanos), marcaram presença na estreia do curta-metragem “Habeas Pinho”, realizada no Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande.
O filme retrata um dos momentos mais marcantes da trajetória do ex-governador da Paraíba, poeta e advogado Ronaldo Cunha Lima, com quem Cícero Lucena manteve uma relação política próxima. Cícero foi vice-governador durante o mandato de Ronaldo e assumiu o governo estadual após a renúncia deste, que se candidatou ao Senado Federal.
A sessão de estreia reuniu diversas figuras políticas do estado, como o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, os senadores Veneziano Vital do Rêgo e Efraim Filho, além do filho de Ronaldo, o ex-senador Cássio Cunha Lima, entre outros nomes de destaque da política paraibana.
Em entrevista à imprensa, Cícero Lucena destacou que sua participação no evento foi motivada pela amizade e pela história compartilhada com Ronaldo Cunha Lima. “Não poderia deixar de comparecer ao lançamento deste curta, tendo em vista a profunda amizade que nutria por Ronaldo e pela história que construímos juntos”, afirmou o prefeito. Ele esclareceu que sua presença não teve caráter político, mas foi um gesto de homenagem a um amigo e aliado de longa data.
Adriano Galdino, por sua vez, enalteceu o legado de Ronaldo Cunha Lima, destacando seu carisma e sua capacidade de influenciar gerações. “Ronaldo Cunha Lima foi um homem carismático, que soube fazer amigos e preservar esses amigos. Um homem que atravessou gerações graças à sua maneira peculiar de viver a vida. Estou muito feliz em estar aqui, homenageando e reforçando, com a minha presença, um sentimento de saudade, de reconhecimento e de gratidão ao poeta Ronaldo Cunha Lima. Vivemos intensamente momentos muito bacanas juntos. Só tenho a agradecer pela consideração e pelo respeito que sempre teve por mim”, declarou o presidente da ALPB.
Inspirado no poema homônimo de Ronaldo Cunha Lima, o curta-metragem “Habeas Pinho” presta tributo ao ex-governador e poeta, recontando um de seus episódios mais emblemáticos. O poema narra a história de um homem que teve seu violão confiscado. Recém-formado em Direito, Ronaldo redigiu uma petição poética, combinando emoção e argumentos jurídicos, para recuperar o instrumento do músico.
Com produção executiva de Gal Cunha Lima, filha de Ronaldo, o filme, de 25 minutos, conta com um elenco formado por atores paraibanos, com destaque para talentos de Campina Grande. Lucas Veloso interpreta Ronaldo Cunha Lima, enquanto Juzé dá vida ao seresteiro que luta para reaver seu violão, e Maiana Neiva representa a mulher por quem ele se apaixona. A direção e o roteiro são assinados por Aluisio Guimarães e Nathan Cirino.
Ronaldo Cunha Lima, poeta e renomado político paraibano, ficou marcado por um episódio controverso em sua trajetória: a tentativa de assassinato do também político Tarcísio de Miranda Burity, crime pelo qual não foi punido.
HABEAS PINHO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca
O instrumento do crime que se arrola
neste processo de contravenção
não é faca, revólver nem pistola,
é simplesmente, doutor, um violão.
Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
de quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
instrumento de amor e de saudade.
O crime a ele nunca se mistura.
Inexiste entre eles afinidade.
O violão é próprio dos cantores,
dos menestréis de alma enternecida
que cantam as mágoas que povoam a vida
e sufocam suas próprias dores.
O violão é música e é canção,
é sentimento vida e alegria,
é pureza é néctar que extasia,
é adorno espiritual do coração.
Seu viver como o nosso é transitório,
mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
e não para ser arquivo de cartório.
Mande soltá-lo pelo amor da noite
que se sente vazia em suas horas,
p’ra que volte a sentir o terno açoite
de suas cordas leves e sonoras.
Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, e afinal, será pecado,
será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado
derramando na rua as suas dores?
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
na certeza do seu acolhimento.
Juntada desta aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.
Ronaldo Cunha Lima, advogado.