Bernardo Van Brussel Barroso, filho do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, decidiu não regressar aos Estados Unidos após a decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do STF e seus familiares.
Bernardo, que atua como diretor do banco BTG Pactual em Miami, estava de férias na Europa quando, em 18 de julho deste ano, o governo Trump anunciou as sanções contra os ministros do Supremo. Não houve comunicação oficial sobre quais indivíduos tiveram seus vistos suspensos. Diante disso, Bernardo optou por não retornar aos EUA.
De acordo com fontes próximas ao ministro Barroso, foi o próprio presidente do STF quem aconselhou o filho a evitar a volta, temendo que as sanções pudessem impactar seus familiares. Ainda não está claro se o visto de Bernardo foi diretamente afetado, mas, conforme apurado pela reportagem, a decisão foi tomada por cautela. O executivo deve viajar para o Brasil.
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No LinkedIn, consultado na tarde de hoje, Bernardo ainda se apresenta como “diretor associado” do BTG Pactual, com atuação presencial em Miami. Antes de assumir o cargo, ele trabalhava no escritório do banco em Nova York, onde construiu sua carreira nos EUA.
A situação deixou o ministro Barroso abalado. Interlocutores, que falaram sob anonimato, relataram que o magistrado ficou profundamente impactado com o cenário e a possibilidade de as sanções afetarem sua família.
BTG não se pronunciou
A reportagem entrou em contato com a assessoria do BTG Pactual para esclarecimentos sobre a situação de Bernardo Barroso, mas, até o momento, o banco não se manifestou. O espaço segue aberto para posicionamentos.
Sanções inéditas contra o Judiciário
Em julho, o governo Trump cancelou os vistos de sete ministros do STF, incluindo Barroso, medida que também atinge seus familiares. Apenas os ministros Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Luiz Fux não foram alvos da punição.
Além da suspensão de vistos, os EUA aplicaram a Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, uma medida sem precedentes contra um integrante do STF. Essa lei impede Moraes de realizar movimentações financeiras em instituições ligadas ao sistema bancário internacional.
As sanções foram anunciadas em meio a pressões de Eduardo Bolsonaro contra o STF nos EUA. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem atuado no país para pressionar autoridades brasileiras por meio de medidas punitivas dos EUA e chegou a celebrar as sanções impostas aos ministros do Supremo.
Investigações contra os Bolsonaro
As ações de Eduardo Bolsonaro no exterior motivaram a Polícia Federal a abrir um novo inquérito contra ele e seu pai, Jair Bolsonaro. A investigação apura uma campanha internacional com o objetivo de interferir no julgamento do ex-presidente, acusado de tentativa de golpe de Estado, marcado para setembro. O inquérito também analisa possíveis atentados à soberania nacional.
Para o ministro Moraes, as declarações de Eduardo e Jair Bolsonaro nas redes sociais, celebrando as sanções ao Brasil, incluindo o recente “tarifaço”, configurariam uma confissão de sua atuação criminosa contra as instituições brasileiras.
Com informações do portal Uol.