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Cida Ramos fala sobre feminismo e direitos das pessoas com deficiência para a TV Elas por Elas, do PT
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“Capacitismo é quando um corpo não se enquadra no projeto dominante, no modo de produção e na sociedade”. Foi o que afirmou a deputada estadual e presidente do PT-PB, Cida Ramos, que participou do programa TV Elas por Elas, do Partido dos Trabalhadores, nessa quarta-feira (1), para falar sobre Feminismo e os direitos da pessoa com deficiência. Durante a participação, a parlamentar, que é mulher com deficiência, aprofundou o debate sobre capacitismo.

Cida Ramos compartilhou as barreiras enfrentadas no seu cotidiano enquanto mulher com deficiência (Foto: Divulgação)

Em entrevista, Cida Ramos traçou um paralelo histórico entre os povos originários e questões de raça. “Foi assim com os indígenas, era um corpo que não servia ao trabalho quando esse país foi ocupado. Pelos que vinham de fora para dentro, eles disseram que o corpo, o modo de ser, de viver dos indígenas não servia. Os negros que vieram de fora, os escravizados, também precisavam o tempo inteiro provar que aquele corpo era útil para ele poder ser considerado instrumento de trabalho, mas o capacitismo hoje com a questão da raça tem uma relação direta. E com as pessoas com deficiência não é diferente”, disse a deputada.

A parlamentar também compartilhou as barreiras enfrentadas no seu cotidiano enquanto mulher com deficiência. “Nós temos uma vida em sociedade que ela é muito perversa para com as pessoas com deficiência. Todos os dias nós temos que acordar e reiniciar, enfrentar tudo do zero”, disse Cida Ramos. A deputada citou a dificuldade de se pegar um transporte público, por exemplo. “Passam dez ônibus e apenas um com a plataforma acessível funcionando. É ação, o ir e vir, a calçada, a rua, que não tá preparada, cheia de empecilhos, cheia de impedimentos para que a gente circule livremente”, disse a entrevistada.

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A arte e o esporte não estão prontos para receber a pessoa com deficiência, acredita Cida Ramos. Para ela, existe toda uma estética cultural que coloca a pessoa com deficiência na condição de cidadãos “de segunda categoria”.
Ainda hoje, o poder público, para Cida Ramos, insiste em colocar impedimentos para que a pessoa com deficiência se convença de que a vida foi feita apenas para alguns, de que a cidade não está pronta para recebê-los. Para ilustrar os desafios na política representativa, ela compartilhou sua experiência pessoal ao se candidatar a prefeita de João Pessoa nas eleições municipais de 2016.

“Quando Dilma estava sofrendo um golpe, eu fui candidata a prefeita em uma ousadia muito forte, porque era uma mulher, a primeira mulher com deficiência, uma cidade que nunca foi gerida por uma mulher. Causou um rebuliço muito grande, porque a gente fazia a campanha de uma caminhonete e era um misto, reuniu muita gente, foi uma eleição muito participativa e as pessoas sentiam um misto de é possível, é, será possível, será que a política foi feita para as mulheres e para uma mulher com deficiência?”, contou a deputada.

“Citando Lenin, que já dizia que ‘quando a cozinheira governar o Estado, é assim, chegaremos ao socialismo”. A deputada concluiu com uma reflexão sobre sua trajetória: “Não ganhamos, mas fez com que a gente se tornasse a deputada estadual mais votada da história da Paraíba, na eleição que ocorreu para deputados. E eu penso muito que esse diálogo das políticas públicas precisa ocorrer de forma mais incisiva”, finalizou a deputada Cida Ramos.

Confira a entrevista na íntegra:

Fonte: Assessoria de imprensa

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