A pré-candidata do PDT ao governo do Rio Grande do Sul, Juliana Brizola, foi indiciada pela Polícia Civil com base no artigo 102 do Estatuto da Pessoa Idosa, sob a acusação de apropriação indevida de dinheiro de sua avó materna, Dóris Daudt, de 99 anos. Juliana nega ter se apropriado de qualquer valor.
A investigação teve início após uma notícia-crime apresentada por Alfredo Daudt Júnior, tio de Juliana, na Delegacia de Proteção ao Idoso. Residente em Santa Catarina, Alfredo moveu uma ação contra a sobrinha no início do ano, questionando a possível internação de Dóris em um lar geriátrico. Ele chegou a obter a curatela da mãe, mas a decisão judicial foi revertida, e a responsabilidade voltou para Juliana, que compartilha uma conta bancária com a avó desde 2018.
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Durante o período em que esteve com a curatela, Alfredo acessou as finanças de Dóris e, conforme registro policial, constatou um saldo negativo de R$ 44 mil. O fato chamou atenção, já que a idosa recebe uma pensão mensal de R$ 25 mil do Estado brasileiro, por ser viúva de Alfredo Ribeiro Daudt, expulso da Aeronáutica por sua participação no movimento da Legalidade, além de ter recebido uma indenização de R$ 1,8 milhão. O inquérito também aponta a existência de empréstimos de R$ 420 mil e R$ 100 mil realizados supostamente em nome de Dóris, além de pagamentos e transferências sem relação com as despesas da idosa, que sofre sequelas de um AVC e depende de cuidadoras.
Dedico amor e cuidado à minha avó Dóris Daudt a vida toda. Há 20 anos, sou responsável por todo seu suporte. O processo que está sendo exposto pela mídia neste momento é movido por um filho que a abandonou há décadas e agora busca obter benefício financeiro de uma senhora de 99 anos.
Desde 2018, quando ainda exercia o mandato de deputada, eu e minha avó mantemos uma conta conjunta – muito antes de qualquer limitação de saúde. Nessa conta, há rendimentos e despesas de ambas, como é natural entre pessoas que compartilham uma conta bancária.
Sou a única familiar que vive em Porto Alegre e que acompanha diariamente sua vida, sua rotina e cuidados com sua saúde. Desde jovem, mantemos uma relação profundamente afetiva e materna. Fui criada por ela e, hoje, retribuo com cuidado, presença e responsabilidade todo o carinho que sempre recebi.
Lamento o vazamento de documentação contendo informações tão íntimas da nossa vida e o possível uso político disso.
Juliana Brizola
A defesa de Juliana Brizola, a cargo do Escritório Aury Lopes Jr Advogados, informa que lamenta profundamente a divulgação da presente investigação e, desde logo, registra sua discordância quanto às conclusões apresentadas pela autoridade policial. Juliana colaborou integralmente com a apuração, prestando todos os esclarecimentos solicitados.
Os fatos foram apresentados de maneira distorcida e serão devidamente esclarecidos no juízo cível, esfera competente para a discussão, pois não há configuração de delito. O que existe, na realidade, é uma divergência familiar, consubstanciada em pedido de prestação de contas formulado por familiar insatisfeito, a ser enfrentada no processo adequado.
Cumpre destacar que sempre houve convivência próxima e cuidado constante de Juliana com sua avó. Havia uma conta conjunta, com natural mistura de receitas e despesas, e jamais se verificou qualquer apropriação indevida de valores, bens, pensão ou rendimentos da idosa com finalidade diversa da devida.
A defesa confia que tudo será integralmente esclarecida na esfera competente
Os advogados Andrei Zenkner Schmidt e Bruna Aspar Lima, que representam Alfredo Daudt Júnior, corroboram as conclusões do inquérito policial e agora aguardam a manifestação do Ministério Público sobre as conclusões da investigação.
Com informações do portal Correio do Povo.
