A Polícia Federal concluiu que o Banco de Brasília (BRB) atuou de forma coordenada para manter o Banco Master solvente e adiar sua liquidação extrajudicial até que a aquisição da instituição controlada por Daniel Vorcaro fosse concluída. A suspeita consta da representação que deu origem à Operação Compliance Zero, deflagrada no último dia 18.

“Havia pleno interesse do BRB em que o Banco Master não fosse liquidado antes da aprovação de sua compra pelo Banco de Brasília, motivo pelo qual, certamente, haveria um esforço coordenado entre as duas instituições para manter vivo o Banco Master”, afirmam os delegados no documento.
Segundo a investigação, mesmo após identificar fraudes de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado adquiridas do Master, o BRB optou por receber a devolução de R$ 6,7 bilhões em sete parcelas mensais, entre junho e dezembro de 2025, em vez de acionar cláusula contratual que permitiria a recuperação imediata do valor.
“Apesar de consciente de que poderia recuperar 6,7 [bilhões de reais] de forma instantânea, apenas se utilizando de cláusula resolutiva, a instituição prefere receber por tranches mensais, permanecendo o dinheiro vinculado à conta do Master, inferindo-se, claramente, o dolo de que o dinheiro permanecesse com aquela instituição”, registra a PF.
Para os investigadores, o parcelamento, “totalmente alheio às previsões contratuais”, tinha o objetivo de “dar sobrevida ao Banco Master” até a conclusão da compra de 58% da instituição, aprovada pelo Conselho do BRB em março, mas barrada pelo Banco Central em setembro.
A operação culminou na liquidação do Master, na prisão temporária de Daniel Vorcaro — libertado por habeas corpus no sábado (29) — e no afastamento do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, posteriormente demitido pelo governador Ibaneis Rocha.
Em nota, o BRB afirmou ser “credor na liquidação extrajudicial” do Master, disse que reforçou controles internos e que seu Conselho de Administração decidiu pedir à Justiça para atuar como assistente de acusação no processo. “As carteiras atuais seguem padrão adequado, e o banco permanece sólido e colaborando com as autoridades”, declarou a instituição.
O Banco Master foi procurado, mas não se manifestou até a publicação da reportagem.
Com informações da Folha de S.Paulo.