Cultura -
Protesto contra o Marco Temporal de demarcação das terras indígenas rouba a cena em festival de música na PB
Laura de Andrade - sob supervisão de Felipe Gesteira
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Clara Freire é cantora e musicista indígena paraibana e levou a sua canção “Akajú do Norte” para a etapa final do 4º Festival de Música da Paraíba, que aconteceu no último sábado (3), em João Pessoa. No final da sua apresentação, a artista de origem Potiguara levantou um cartaz em manifesto contra o Marco Temporal de demarcação das terras indígenas. “Sem demarcação não há democracia. #PL490 não”, estava escrito no cartaz. Os povos Potiguara são os mais numerosos do Nordeste e vivem no litoral do estado.

Ela também publicou um manifesto na rede social digital Instagram: “Akajú do norte saúda as histórias, os encantos das águas, as mulheres guerreiras e tudo que faz do território Potiguara resistente e esplendoroso. Mostra que estamos aqui mesmo antes de qualquer caravela forasteira atracada. Com muito orgulho levarei meus parentes e ancestrais a todos os espaços que puder ocupar, como uma abelha que não separa de sua colmeia”, escreveu.

“Estamos aqui mesmo antes de qualquer caravela forasteira atracada”, disse a artista (Foto: Reprodução/Instagram @clarapotiguaraa)

Sobre o Marco Temporal

Povos originários espalhados por todo o país manifestam-se contra o Projeto de Lei 490/2007, aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada, que estabelece o Marco Temporal. O PL determina que esses povos só têm direito às terras que estavam ocupadas ou em disputa em 5 de outubro de 1988, dia em que a Constituição Federal foi promulgada. Mas esse pensamento desconsidera toda a história e ancestralidade dos povos, além de possibilitar a exploração de territórios indígenas, entre outros retrocessos.

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Agora, a votação segue para o Senado, e recebe o número 2903/2023. Também está previsto para esta semana o julgamento do tema pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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