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Tribunais de Contas avaliam processo de degradação ambiental no semiárido; desertificação avança na PB
Termômetro da Política
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Coordenada pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), junto com os tribunais de contas do Ceará (TCE-CE), de Pernambuco (TCE-PE), do Rio Grande do Norte (TCE-RN) e de Sergipe (TCE-SE), em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU), foi realizada a Auditoria Operacional Regional Coordenada em Políticas Públicas de Combate à Desertificação do Semiárido. No Estado da Paraíba, a equipe do TCE constatou que áreas como Seridó oriental, Catolé do Rocha e Cariri ocidental estão em estado avançado de desertificação, sem recomposição da vegetação há, pelo menos, cinco anos.

Equipes constataram áreas em estado avançado de desertificação, sem recomposição da vegetação há, pelo menos, cinco anos (Foto: Reprodução/MST)

A fiscalização avalia o crescente processo de degradação ambiental dessa região, em função do clima e das ações antrópicas, aquelas em que a interferência humana prejudica os solos, os recursos hídricos, o bioma caatinga e a qualidade de vida da população. 

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A auditoria foi realizada na esfera da Rede Integrar, iniciativa colaborativa formada por 33 tribunais de contas do Brasil, e contou com suporte metodológico do TCU. 

A ação se baseou na Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PNCD), Lei nº 13.153/2015, para examinar a implementação dessa política nos estados, assim como outras políticas públicas transversais referentes à região do semiárido e ao bioma caatinga. 

Nos estados auditados, os órgãos de controle constataram que a Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca não tem sido implementada.  

Achados da auditoria

O trabalho identificou que a maioria dos municípios paraibanos não apresenta instrumento normativo específico que trate de desertificação e poucos relataram a participação de gestores e das comunidades locais em eventos ou capacitações relacionadas ao tema da desertificação.  

As iniciativas de recuperação de áreas degradadas se limitam, na maior parte dos casos, à manutenção de viveiros e à distribuição de mudas produzidas em parcerias com organizações não governamentais (ONG). 

Entre todas as unidades da Federação, apenas Sergipe iniciou a implementação do programa de ação estadual. 

Somente Ceará e Sergipe possuem levantamento oficial atualizado sobre áreas afetadas pela desertificação. Os demais estados têm estudos elaborados há mais de uma década.

A auditoria identificou que uma das causas para esse cenário está na desmobilização da Comissão Nacional de Combate à Desertificação, realizada no âmbito da comissão federal pelo Decreto nº 9.759/2019, que prejudicou a articulação dos entes federativos em torno desta política pública. 

Outro problema levantado foi a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Isso gerou a redução do recurso orçamentário para a agricultura familiar e contribuiu para a queda das ações de combate à desertificação. 

Recomendações: o que precisa ser feito? 

Incluída no Plano Anual de Trabalho/2022 da Rede Integrar de Controle Externo, as principais conclusões da auditoria indicam que a transversalidade com outras políticas públicas e uma governança multinível, inclusive com inserção de atores não governamentais, são essenciais para a efetividade da política de prevenção e combate à desertificação do semiárido.

A reinstalação de uma coordenação nacional e a inserção da articulação dos estados da região em torno desta política na pauta de discussão do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste são primordiais. 

Em relação à implementação da política estadual, espera-se a ampliação de governança vertical entre os diversos níveis da Federação no tocante à Política de Combate à Desertificação, além do fortalecimento da articulação e da transversalidade de várias políticas públicas sobre recursos hídricos, meio ambiente, desenvolvimento rural e regional, mudança climática, agricultura familiar e educação.

Foi recomendada, ainda, a prática de monitoramento e avaliação da Política de Combate à Desertificação, com o objetivo de viabilizar a aferição dos resultados concretos decorrentes de sua implementação, por meio de indicadores, e permitir a comunicação transparente aos interessados. As medidas propostas também devem permitir o desenvolvimento de mecanismo robusto para assegurar a criação, a implantação e a gestão de unidades de conservação no semiárido e a consequente manutenção da integridade dos ecossistemas característicos da região. 

A auditoria operacional propôs recomendações específicas aos gestores em cada estado. 

Fonte: TCE/PB

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Palavras-chave
semiáridotce