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MPF vai investigar caso de racismo praticado por motorista da Uber contra mãe de santo
Termômetro da Política
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Na segunda-feira (25), a sacerdotisa do candomblé Mãe Lúcia de Oxum sofreu racismo por um motorista do aplicativo da empresa Uber em João Pessoa, na Paraíba. Além de um boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, a mãe de santo fez uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF). A denúncia foi aceita e distribuída para o procurador José Godoy, que acompanhará o caso. “Eu espero que a lei possa punir o moço e também a Uber”, disse a líder religiosa.

“Sangue de Cristo tem poder quem vai é outro kkkkk tô fora”. Foi o que disse para a mãe de santo o motorista identificado dentro do sistema do aplicativo como Leonardo. A denúncia de Mãe Lúcia, ou Iyá Lúcia Omidewá, como é conhecida na religião africana, foi recebida na terça-feira (26) no MPF, na Sala de Atendimento ao Cidadão.

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“Na apuração do MPF serão considerados tanto o possível crime de racismo, como as implicações cíveis do caso, inclusive se necessário a atuação junto à plataforma Uber”, disse o MPF.

Mãe Lúcia afirma que não deseja “mal” a ninguém, mas que o acontecimento sirva de exemplo a outros motoristas. “Eu já passei por isto pela 3ª vez e tenho relato de vários filhos [que passaram por situação semelhante] também”, disse a mãe de santo.

Mãe Lúcia registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e fez uma denúncia ao MPF (Foto: Instagram/Reprodução)

No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei 14.532/23, que equipara a injúria racial ao crime de racismo. A lei também endurece a pena para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas.

Ainda em 2023, o MPF passou a investigar a Uber após receber uma denúncia de racismo religioso, no Rio de Janeiro. O motorista se recusou a levar duas mulheres e duas crianças porque estavam com as vestimentas do candomblé. Neste caso, o MPF também investiga se houve violação do dever de prevenção pela empresa. Na época, pediu que a Uber enviasse informações sobre as medidas preventivas que adota para impedir que mais usuários passassem por situações semelhantes.

Sobre o caso de Mãe Lúcia, a Uber afirmou que não tolera qualquer forma de discriminação. Disse que encoraja as denúncias e se compromete a colaborar com a investigação.

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