
Dois casos de violência contra a mulher chocaram o país no início desta semana: um homem invadiu uma pastelaria e atirou contra a ex-companheira, de 38 anos, usando duas pistolas ao mesmo tempo; uma mulher de 31 anos, mãe de dois filhos, teve as duas pernas amputadas depois de ser atropelada intencionalmente e arrastada por mais de um quilômetro. Ambos aconteceram em São Paulo. Infelizmente não são casos isolados.
Entre os meses de janeiro e outubro deste ano foram registrados 53 casos de feminicídio na capital paulista. De acordo com dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), este é o maior índice anual desde o início da série histórica, lançada em 2018, mesmo sem contabilizar os dados de novembro e dezembro. Em todo o estado, 207 mulheres foram vítimas de feminicídio desde o início do ano. Somente em outubro foram registrados 22 feminicídios.
É preciso frear a cultura de violência contra a mulher.
Importante destacar a correlação do discurso conservador com as práticas de violência contra mulheres. Mas não é só entre conservadores que machismo e misoginia são disseminados e incentivados desde a infância. No campo progressista também há homens misóginos. Nossa sociedade é estruturalmente machista, e assim, diversas práticas odiosas são naturalizadas.
É preciso combater a misoginia em todos os âmbitos, desde os pequenos atos. Toda vez que um homem tenta controlar a roupa de uma mulher, suas liberdades, moldar seu discurso, interrompê-la, ou deslegitimar suas conquistas, está praticando violência. O mesmo homem que começa impondo limites às roupas tentará controlar a mulher das mais diversas formas. Esse tipo de prática escala rapidamente. Estejamos todos atentos e vigilantes, freando, contendo, expondo e combatendo os misóginos, sempre que mostrarem suas caras.