Médica pela UFCG. Medicina Baseada em Evidência. Atendimento Humanizado. Defensora do SUS. Feminista. Instagram: @priscilawerton.
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De Grão em Grão
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(Fotos: Arquivo pessoal/Instagram/grao_literario)

Como evitar Bolsonaros no futuro? Semeando para colher. Sarah (10 anos) e Lais (08 anos) são as protagonistas de um projeto que tem o poder de evitar catástrofes como Bolsonaro: o Grão Literário. Durante a pandemia, Sarah e Lais, com ajuda e supervisão de seus pais, criaram um projeto para fomentar a leitura através das redes sociais. A inquietação das crianças pelo isolamento social aliada ao uso adequado das redes para interagir com os amigos foi a receita para essa aventura literária. 

“O Grão Literário surgiu da ideia de unir o útil ao agradável, o desejo das crianças em ter uma rede social à proposta de criar uma conta no Instagram que tivesse um propósito definido e um conteúdo que conseguisse estimular o hábito da leitura. Assim surgiu o perfil @grao_literario, uma página onde Sarah e Lais publicam resenhas dos livros que leem, dicas de leitura e conteúdos temáticos sobre literatura infanto-juvenil.” Conta Júlia Márcia Lourenço, mãe das meninas e do pequeno Luis Ernesto, hoje com 04 anos, que já se espelha nas irmãs no hábito de leitura. 

Sarah e Lais, desde bebês, tiveram uma influência muito forte para leitura. Os livros estavam sempre presentes em meio aos brinquedos, a mãe (Júlia) sempre lia para as crianças dormirem e, logo cedo, a família adquiriu um plano do clube de assinantes do Leiturinha, passando a receber um livro, mensalmente, por meio postal.  Essas práticas, e o exemplo dos pais, colaboraram para que as crianças tivessem um contato estreito com a leitura. Atualmente, além do Leiturinha, as crianças participam de um Clube do Livro Infantil administrado pela Livraria Universitária, localizada em Cajazeiras, onde moram, e é ponto de encontro para crianças de 07 a 12 anos se reunirem, mensalmente, a fim de debater obras literárias. 

O planejamento do Grão é feito aos domingos, quando a família se reúne para planejar as leituras da semana. Logo que concluem um livro, são gravadas resenhas em vídeos pelas próprias crianças (junto aos pais, obviamente) com o intuito de compartilhar as impressões que tiveram do livro, dos personagens e do contexto da narrativa.

“À medida que os conteúdos são postados, o Grão vai apresentando os benefícios da leitura, seja para crianças seja para adultos.  Não é raro receber fotos e vídeos de crianças que foram estimulados a ler através do Grão e, hoje, já procuram inserir os livros nas brincadeiras e dedicar um tempinho na rotina para exercitar a prática da leitura”, acrescenta Júlia. 

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A partir de quadros e interações diretas, o Grão é aberto à participação de todas as crianças que queiram compartilhar suas resenhas e/ou opiniões sobre os livros que estão na sua trilha de leitura. 

O surgimento do Grão Literário além de trazer uma proposta de conteúdo literário voltado para crianças em uma rede social, se tornando, assim, um projeto inovador dentro da cadeia de entretenimento das telas, também traz um benefício considerável à prática de leitura das crianças. O estímulo trazido pela proposta do Grão, que sugere a leitura como uma atividade prazerosa e contínua, introduz o hábito da pesquisa, enriquece o vocabulário e auxilia no desenvolvimento da linguagem da criança.

No último dia 23, o mundo celebrou o dia do livro, exemplar de educação, conhecimento, estudo, pesquisa e ciência, muito do que nos faltou para superar a pandemia mais brevemente e com menos perdas. Projetos literários como o Grão são a ferramenta mais poderosa que temos para modificar o futuro. Atualmente, os jovens demonstram desinteresse pela política e pelas questões sociais que afundam o Brasil, talvez tenha lhes faltado semeadura na infância. Muitos artistas como Anitta, Whindersson Nunes e Zeca Pagodinho têm feito campanhas em suas redes pedindo que os jovens tirem seus títulos e exerçam suas cidadanias. De acordo com o portal do TSE, durante a semana do Jovem Eleitor, que aconteceu entre os dias 14 e 18 de março, 2.505 jovens emitiram seus títulos pela primeira vez na Paraíba, 96.425 no Brasil e exterior.  Apesar do crescimento em relação às duas últimas eleições gerais, o número de adolescentes que solicitou o primeiro título de eleitor caiu 82% em uma década, segundo um levantamento da CNN com base em dados do TSE.

O Grão é o protótipo do que há de melhor nas gerações porvir. As crianças podem ser educadas, o futuro pode ser diferente. The handmaid’s tale pode ser só um terror de ficção científica e o governo Bolsonaro uma lembrança ruim em nossas memórias.  O país não vai bem, todos sabem que não vai (mesmo os que não reconhecem), vivemos um retrocesso terrível e não me refiro apenas à pandemia e suas consequências. Me refiro também aos miasmas de racismo, homofobia, xenofobia e miséria que apodrecem nossas vidas numa gestão neofascista. Esse cheiro não tem fake news que disfarce. Nem o melhor FreeCô consegue desviar a catinga que sobe todos os dias nas ruas do Brasil de Bolsonaro. 

Uma Priscila não pode mudar o mundo, o PT ou x ou y não são a salvação dos nossos problemas socioeconômicos. Também não acho que Lula é capaz de mudar o Brasil. Quem vai mudar o Brasil são as Sarahs e Laises, são as Júlias que parem seus filhos e os educam para que sejam capazes de construir com as próprias mãos um futuro decente para eles e para os que os sucedem em um verdadeiro gesto de filantropia. Júlia, Laís e Sarah têm muito a nos ensinar, aprendamos. 

Para a filosofia, Política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana individual e coletiva. Sendo a felicidade o objetivo de todos nós, somos todos seres políticos. Se você, jovem adolescente, não está feliz com o Brasil de Bolsonaro e não é um país com milhares de mortes, inflação e fome que você planeja para o seu futuro, tire o título, vote.  

E VIVA A DEMOCRACIA!

#LULA2022

Tutorial da Justiça Eleitoral sobre como tirar o título: 

Tire seu título aqui, o portal fica aberto até o dia 04 de maio de 2022

Essa coluna foi escrita em parceria com a mãe das crianças, Júlia Márcia Lourenço.

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