Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Primeiro de muitos: Anderson Torres puxa fila de presos do Governo Bolsonaro
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Ex-ministro da Justiça no Governo Bolsonaro, Anderson Torres foi preso pela Polícia Federal (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse no primeiro domingo de janeiro (1) prometendo que não faria revanchismo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, garantiu que eventuais crimes não seriam perdoados. Uma semana depois, os prédios dos Três Poderes da República foram invadidos e vandalizados por terroristas bolsonaristas que tentavam impor um golpe de Estado. Os criminosos agiram sob a omissão da Polícia Militar do Distrito Federal, comandada no dia do atentado contra a democracia por Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e então secretário de Segurança do DF, hoje preso por suposta responsabilidade nos atos terroristas.

Não é de hoje que o Brasil enfrenta atentados e tentativas de golpes de Estado. Diante da barbárie causada por bolsonaristas, há quem diga que a origem do problema está na sessão da Câmara dos Deputados que confirmou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, quando o então deputado Jair Bolsonaro homenageou o torturador de Dilma na ditadura militar.

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É consenso entre setores amparados na defesa dos direitos humanos que se a lei fosse cumprida naquele dia e Jair Bolsonaro saísse preso daquela sessão, o Brasil teria sido poupado de muitos dos males que enfrentou nos últimos quatro anos. Mas apesar de ser protagonista na desumanidade e corresponsável como líder de uma tendência política, Bolsonaro não é a fonte geradora de todo a vilania que acontece no país desde a redemocratização.

Muito do mal que perdura no Brasil desde o fim dos anos de chumbo é resultado da Lei da Anistia. Militares que massacraram, torturaram, mataram e desapareceram com civis foram postos no mesmo patamar dos demais criminosos para a maior passada de pano de todos os tempos. De lá para cá, o país jamais conseguiu se livrar completamente da cultura opressora disseminada entre os militares. As polícias existem para proteger, mas nem sempre é assim que funciona.

A história recente mostra que não há espaço para moderação quando se trata de criminosos que atentam contra a democracia. Foi por tanto flexibilizar com esses bandidos que o Brasil sofreu os ataques terroristas no último dia 8. Os extremistas planejavam há tempos, ocupavam áreas de segurança nacional, no caso as calçadas dos quartéis, para fazer arruaça, disseminando intenções golpistas e, portanto, criminosas. Assim como Bolsonaro quando homenageou um torturador, deveriam ter sido presos de imediato.

O grito “sem anistia!” na posse de Lula foi um sonoro recado do povo para que o novo governo não repita erros do passado ao perdoar criminosos de outrora.

Expoente por uma ausência de comando que mais soou como comando para não agir, Anderson Torres, preso pela Polícia Federal, é o primeiro de muitos integrantes do governo passado que deverão enfrentar a privação da liberdade. O ex-ministro da Saúde, general Pazuello, está na mira da Justiça com a iminente derrubada do sigilo sobre a atuação da pasta durante a pandemia de covid-19.

O ex-presidente da República já foi incluído em inquérito sobre os ataques terroristas, seus filhos voltarão a ser investigados. Se o Brasil abolir mesmo a ideia de anistia e passar a investigar e punir com rigor, entre bolsonaristas e bolsonaros, serão muitos os presidiários.

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