Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Veneziano e João votam em Lula, mas só um poderá ser o candidato do presidente
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(Foto: Reprodução/Twitter/venezianovital)

O cenário de disputa no campo progressista para o Governo da Paraíba está cada vez mais definido. Se há pouco mais de uma semana ainda se falava em três pré-candidatos, hoje só existe um. Por ação própria e por inatividade da concorrência, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) se distancia do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT), no embate para ver quem será o candidato de Lula contra a reeleição do governador João Azevêdo (Cidadania).

A dianteira de Veneziano foi tamanha que nem se fala mais na vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) como figura de oposição a João. Já estava claro que Lígia seria cabeça de chapa apenas em uma situação de ausência de candidatura de centro-esquerda, pois é preciso ter chapa para abrigar a candidatura de Ricardo Coutinho para o Senado e este sacrifício seria o preço pela acolhida ao deputado federal Damião Feliciano (PDT), que pode ir parar no PT.

Enquanto Veneziano não se resolvia com João e Luciano não saía do marasmo, o nome até então era o de Lígia. Agora, com a situação dos Vital resolvida pela via do rompimento, Lígia não é mais candidata. E Luciano, que tinha tudo para ser o candidato do PT, continua parado.

De tanto não se comportar como candidato, Luciano perdeu o timing, diferentemente de Veneziano, apesar do atraso em decorrência da negociação com o governo. O ex-prefeito de João Pessoa tinha algumas vantagens sobre seu concorrente para ser o candidato de Lula: terminou a gestão à frente da Prefeitura de João Pessoa com excelente avaliação; tem baixíssima rejeição; circula melhor entre prefeitos que Veneziano; e está no mesmo partido do líder disparado na corrida ao Palácio do Planalto.

Apesar de esporadicamente dizer que é, Luciano não faz por onde, e fica difícil para quem está de fora acreditar que ele seja mesmo candidato ao governo. Ele até tem respaldo da executiva estadual do partido, mas no meio político a boataria dá conta de que concorrerá mesmo à Assembleia Legislativa. É pouco para quem já foi vice-governador e prefeito da capital.

Mas o que é se comportar como candidato? Pergunte a Ricardo Coutinho. Alguém tem dúvida de que Ricardo é candidato em 2022? Todos os dias o ex-governador se comporta como candidato, fala como candidato e ataca seus adversários. Se vai bem ou mal no marketing político, é outra história. Ricardo é candidato e ponto. E agora, com os processos da Calvário indo de forma mais que justa para a Justiça Eleitoral, Ricardo é candidato e meio. Essa certeza que tem o eleitor de Ricardo é a que tanto falta ao eleitor de Luciano.

No vácuo da cabeça de chapa de centro-esquerda, Veneziano pode até ter começado tarde, mas já vai muito bem e não tem perdido um dia sequer. Até encontro com Lula já mostrou que teve essa semana.

E se Luciano está parado demais para quem sonha em ser governador, quem também precisa se mexer se não quiser perder o bonde da reeleição é o governador João Azevêdo. Dizer que vota em Lula é pouco quando se está cercado de bolsonaristas. João vinha remando em uma conjuntura política que até bem pouco tempo indicava uma vitória por WO. Agora, com oposição forte batendo à porta, é preciso responder com uma gestão firme e finalmente entrar na campanha. Podem João e Veneziano serem eleitores de Lula, mas se nenhum dos dois é do PT, Lula só enfrenta o desgaste na Paraíba se o cenário apontar para vitória da oposição. Caso João suba a tempo nas pesquisas, pode ser que chegue forte o suficiente para ao menos afastar um padrinho político tão grande da disputa. Enfrentar um senador com seu principal adversário na chapa de oposição já não será tarefa fácil, se Veneziano vier como candidato de Lula, pode complicar ainda mais para João.

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