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Bibliotecária explica importância do registro bem feito no mercado editorial: “O ISBN é como o CPF dos livros”
Laura de Andrade
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Você já se perguntou como é possível encontrar um livro específico em uma grande biblioteca? A resposta está em um código de treze dígitos e pode passar despercebido pelos leitores: o International Standard Book Number, o ISBN. A bibliotecária Amanda Souza compara o sistema de padronização com algo familiar aos brasileiros: “O ISBN é como o CPF dos livros, é um número único e padronizado internacionalmente que identifica cada edição de uma obra publicada”.

Para a bibliotecária Amanda Souza, um registro bem feito tem um impacto direto e visível para quem busca conhecimento (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com Amanda Souza, essa identidade única é o que impede que um mesmo título gere confusões entre edições, formatos ou editoras diferentes. “Ele é o que garante que ‘aquele livro’ seja realmente ‘aquele livro’”, enfatiza. Essa precisão é fundamental para uma cadeia que vai da venda ao empréstimo em bibliotecas, além da organização em catálogos.

O ISBN, no entanto, não é o conjunto de números em uma sequência aleatória. Ele carrega informações em sua estrutura e é obtido por meio do Portal de Serviços da CBL (Câmara Brasileira do Livro). “Cada parte do código significa algo”, defende a bibliotecária. “Há um prefixo internacional, o identificador do país ou grupo linguístico, o número da editora e o número específico da obra.” Assim, é possível identificar a origem e a editora de um livro apenas analisando o código. 

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“Por exemplo, durante muito tempo o código de livros publicados no Brasil era 85, recentemente passou para 65, por necessidade de aumentar as combinações”, disse Amanda Souza.

Com a explosão dos e-books e das publicações independentes, a relevância do ISBN não diminuiu. “O ISBN continua sendo essencial. Eu diria que até mais importante”, disse Amanda Souza. Ela justifica que, no ambiente digital, onde a proliferação de versões é enorme, o código atua como um diferenciador crucial. 

“O ISBN ajuda a distinguir entre o e-book, o audiobook, o livro impresso, e até diferentes formatos do mesmo título”, explica Amanda Souza. “É o passaporte que permite que a obra circule em livrarias, plataformas e bibliotecas digitais do mundo todo. Sem ele, o livro pode existir, mas dificilmente será encontrado”, argumenta.

A catalogação

Por trás de cada ISBN, há um trabalho cuidadoso de catalogação. Amanda descreve essa prática como a arte de “traduzir o conteúdo e o espírito de uma obra para uma linguagem técnica”. O maior desafio, para ela, é equilibrar a precisão técnica com muita atenção. “É preciso captar o que realmente define aquele livro, sem perder de vista as normas e padrões internacionais. É um trabalho que exige atenção, repertório e, acima de tudo, amor pela informação bem organizada.”

Com a informação também no formato digital, o bibliotecário precisa lidar com metadados, plataformas digitais e interoperabilidade de sistemas: “Um e-book e um livro físico compartilham muitos critérios, mas o registro digital precisa contemplar detalhes como formato, acesso e restrições tecnológicas”. Segundo a bibliotecária, um registro bem feito tem um impacto direto e visível para quem busca conhecimento. “Um registro bibliográfico bem elaborado é o que faz o livro aparecer quando alguém o procura, seja no catálogo da biblioteca, no Google Books ou em um consórcio de empréstimos”, disse Amanda Souza.

Conforme a bibliotecária, é a catalogação que transforma o caos informacional em algo que possa ser encontrado. “Quando o leitor encontra o que procura com facilidade, há sempre um bibliotecário por trás, sorrindo discretamente porque o sistema funcionou e nossa missão foi cumprida”, conclui Amanda Souza.

Matéria alterada às 10h14 para correção nas informações.

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