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Lula completa 80 anos como primeiro octogenário na Presidência da República e de olho no quarto mandato
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Nesta segunda-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 80 anos, tornando-se o primeiro octogenário a exercer o cargo de chefe do Executivo no Brasil. Durante uma visita à Indonésia na última quinta-feira (23), Lula comemorou seu aniversário de forma antecipada e anunciou sua intenção de disputar um quarto mandato em 2026. “Eu vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que eu estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. E vou disputar um quarto mandato no Brasil”, declarou.

Presidente Lula em comemoração pelo seu aniversário durante viagem à Indonésia
Presidente Lula em comemoração pelo seu aniversário durante viagem à Indonésia (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Lula, que já se tornou o presidente mais velho no poder ao completar 79 anos em 2024, superou Michel Temer (MDB), que deixou a Presidência em 2018 aos 78 anos. Outros ex-presidentes, como Getúlio Vargas (72 anos), Ernesto Geisel (71 anos) e Fernando Henrique Cardoso (71 anos), também concluíram seus mandatos na casa dos 70 anos. Em setembro, Lula destacou que “80 anos de idade é o tempo da maturidade máxima do ser humano”, condicionando sua candidatura à reeleição à sua saúde.

Feito e sintoma da política brasileira

O cientista político e professor de Sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rogério Baptistini, analisa a longevidade de Lula como um marco ambíguo. “É o feito de quem sobreviveu às forças que tradicionalmente destroem as lideranças populares no Brasil — a elite econômica, a máquina judicial e o conservadorismo político”, afirmou. No entanto, ele também vê isso como um “sintoma de um país que não consegue renovar seu campo progressista, dependendo reiteradamente do mesmo personagem”. Para Baptistini, estar no poder aos 80 anos reflete “uma biografia única”, mas também “revela a ausência de um projeto de modernização política capaz de ir além do carisma individual. Lula é, em certo sentido, o herói e o limite da própria história que o produziu”.

O professor destaca que a liderança madura de Lula exige “consciência histórica e capacidade de autocrítica”. “Lula tem a rara autoridade de quem viu o Brasil de baixo e de dentro, e por isso fala com legitimidade social. Entretanto, sua trajetória recente mostra uma tendência ao pragmatismo excessivo, que dilui o sentido reformista de seu primeiro ciclo de governo. No plano internacional, ele ainda é ouvido — sobretudo porque representa uma voz do Sul global —, mas seu discurso precisa reencontrar a coerência entre a crítica ao neoliberalismo e a prática de alianças conservadoras. A maturidade política só se realiza plenamente quando se conserva a coragem de inovar”, analisou.

Aprovação de Lula

Uma pesquisa recente da AtlasIntel/Bloomberg aponta que 51,2% dos brasileiros aprovam o governo Lula, enquanto 48,1% desaprovam, consolidando um cenário de polarização. A longevidade política do presidente, somada à sua popularidade, reforça sua posição como figura central no cenário político brasileiro, mas também levanta questionamentos sobre a renovação do campo progressista, conforme apontado por Baptistini.

Com informações da CNN.

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