Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Balizadores na ciclofaixa da Ruy Carneiro não disciplinam o caráter
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Balizadores na ciclofaixa da avenida Ruy Carneiro (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

É muito bonito o discurso do pessoense que diz da boca para fora querer uma cidade mais humana, mais agradável, mas sempre que possível defende com veemência vias com mais espaços para carros, em vez de militar por áreas destinadas para pedestres e ciclistas. Os balizadores na ciclofaixa da Ruy Carneiro servem de marco para separar como joio e trigo o tipo de cidadão que habita na capital.

Até parece que a cidade deve ser pensada para carros e não para as pessoas, como se os veículos automotores fossem seres viventes.

No entendimento da classe média que se enxerga como classe alta, a cidade precisa estar preparada para abrigar seus carros. Novíssimos automóveis financiados em 60 meses, ou dados de presente por pais e mães generosos.

Muito se falou sobre o trânsito de João Pessoa no início da gestão do prefeito Luciano Cartaxo. Os mais críticos pediam que o gestor fosse em busca de soluções modernas, e também que pensasse a cidade para as pessoas.

Quando a Prefeitura de João Pessoa acerta a mão e começa a implantar políticas de trânsito que beneficiam ciclistas e pedestres, chovem críticas dos motoristas sobre seus “espaços”.

Na acertada intervenção feita para a retirada do estacionamento da Orla, cansei de ver nas redes sociais pessoas que criticavam a medida pedindo pelo “direito de estacionar”. A alegação é descabida. Imagine a pessoa, só porque tem um carro, querer que a rua se adapte para receber seu bem.

Houve coragem da gestão municipal em fazer o que nunca havia sido feito: liberar a paisagem e entregá-la às pessoas. Quem tiver seu carro que estacione nas ruas do bairro. Eu iria além e fecharia totalmente o trânsito na Orla, mas João Pessoa não está preparada para esta conversa.

Mais grave que a reação da população contra a mudança na Orla foi o que aconteceu logo após a instalação dos balizadores na ciclofaixa da avenida Ruy Carneiro. Uma revoada de críticas.

São duas medidas com abordagens completamente distintas. Na Orla, foi implementada uma mudança no trânsito, enquanto na Ruy Carneiro, os balizadores têm função exclusivamente educativa, pois se o carro bater em um deles, sequer sairá amassado.

E quem deveria adotar um tom moderado, pois ocupa espaço de formador de opinião, promove um desserviço à sociedade. Teve radialista em João Pessoa para dizer que não adianta a prefeitura adotar esse tipo de modelo porque “o povo paraibano é mal educado”. Quando um comunicador fala assim da população, expõe seu próprio reflexo como sendo imagem dominante na sociedade e verdade absoluta. Além de mentiroso é mal educado e mau caráter.

A prefeitura acertou com a implantação dos balizadores e deve manter a postura em defesa do espaço para os ciclistas e da educação para o trânsito, mesmo diante dos críticos. Como muito bem colocou Anderson Pires, colunista aqui do Termômetro, “ceder a esse tipo de postura é contemplar o bandido”.

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